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Mostrando postagens de julho, 2023

Pedro Siqueira, o homem da Casa Vitória, faz 10 anos de adeus

Era uma tarde de segunda-feira, 18 de junho, de 2012, eu retornava para casa, caminhava pelo passeio do lado do Bar Central e me deparei com o empresário Pedro Siqueira que estava sentado à sua porta, como de costume, dedicava um tempinho do seu dia para um colóquio com os amigos e conhecidos. “Para onde vai com tanta pressa”, indagou. “Sente-se um pouco para a gente conversar”. Chamou um dos seus empregados domésticos e pediu que trouxesse uma cadeira. Sentei-me e por quase uma hora se estendeu a palra. E nesse dedo de prosa, me falou do seu esforço para implantar a primeira escola do Município, quando foi prefeito. Eu estava de posse de um aparelho celular, aproveitei para registrar o seu depoimento: “Eu era prefeito em 1959, observei que a Avenida Getúlio Vargas, Rua General Pedra, Rua da Bahia, Rua de Santa Luzia, não existia uma escola para atendê-las. O município ganhava naquele ano o seu primeiro Grupo Escolar, que recebeu o nome do seu patrono, Senador Júlio César Leite, qu

Os deficientes intelectuais mais queridos da cidade

Os deficientes intelectuais mais queridos da cidade Nas décadas de 70, 80 e 90, a cidade de Estância foi habitada por indivíduos que, à primeira vista, aparentavam possuir deficiência intelectual, sendo frequentemente vistos perambulando pelas ruas. Hoje, em contrapartida, graças às políticas públicas em vigor, não mais testemunhamos situações iguais nas vias urbanas como ocorria no passado. Essas políticas ergueram patamares de respeito e valorização desses seres humanos, substituindo a indiferença de outrora por um merecido reconhecimento. Recordo-me de alguns nomes que me vêm à mente: uma senhora de 40 anos, carinhosamente conhecida como 'Carcará', era vista habitualmente sentada no meio-fio da calçada do SESP. Seus cabelos desalinhados e vestidos sujos não ocultavam sua inegável humanidade, embora sua expressão por vezes parecesse severa. Ao passarem, as pessoas a questionavam e, em resposta, ela soltava um “Tá olhando o quê, cara da peste?” Enquanto apoiava os cotovelos so

Fui convidado por Sérgio Larissa para assumir a Ascom da Câmara Municipal

  Conheci o saudoso Sérgio Luís Nascimento Melo (Sérgio da Larissa) em 2004, alimentava o sonho de adentrar na política estanciana. Proprietário de uma padaria no bairro Botequim, que depois migrou para delicatéssen, batizada de ‘Delicatéssen Larissa’; ele se destacava por manter um trabalho de assistência aos menos favorecidos.  À época dizia que iria disputar a eleição para vereador, chegar à presidência da Câmara e, na sequência, chegar ao cargo de prefeito da cidade. Nas eleições municipais de 2012, elegeu-se ao cargo de vereador pelo PTdoB e obteve a maior votação dentre os dez eleitos, precisamente, 1.767 votos. Elegeu-se prefeito naquele ano o médico Carlos Magno Costa Garcia, pela sigla do DEM, com 18.381 votos; ficou em segundo lugar, o também médico, doutor Gilson Andrade (PTC), obteve 11.103 votos. Disputaram também essa eleição os candidatos Márcio Souza (PSOL), 2.339 votantes e Joaldo Santos (PT), que alcançou 1.206 sufrágios eleitorais. A Presidência da Câmara, no biênio

Dona Belê e Dona Iracema, duas traições

Ilustração: Foto do Google   Em uma pequena cidade havia uma mulher chamada Iracema. Diziam, em boca miúda, que ela tinha o hábito de “costurar para fora”. Esposa de um senhor que trabalhava como porteiro de um poderoso empresário. Ela e o marido viviam com os três filhos em uma casa funcional a uma curta distância da casa do patrão. Outra mulher, Dona Belê, era uma pessoa que fazia tudo. Coordenava os empregados domésticos, vigias, vaqueiros, fazia as compras da casa, organizava missas, procissões, etc. Era uma espécie de gerente do referido empresário. Naquela época, os meninos e as meninas pediam a bênção do padre aos domingos na praça após a missa; além disso, o delegado era uma espécie de juiz de paz, coercitivo, pegava pela orelha os curingas que desonravam as meninas e depois queriam pular fora; época de tabus, de censura, o país estava no rescaldo do regime da ditadura militar. Um vizinho das duas senhoras, um jovem trabalhador, decidiu declarar-se gay; ele tirou a roupa de hom