Conheci o saudoso Sérgio Luís Nascimento Melo
(Sérgio da Larissa) em 2004, alimentava o sonho de adentrar na política
estanciana. Proprietário de uma padaria no bairro Botequim, que depois migrou
para delicatéssen, batizada de ‘Delicatéssen Larissa’; ele se destacava por manter
um trabalho de assistência aos menos favorecidos. À época dizia que iria
disputar a eleição para vereador, chegar à presidência da Câmara e, na
sequência, chegar ao cargo de prefeito da cidade.
Nas eleições municipais de 2012, elegeu-se ao cargo de vereador pelo PTdoB e obteve a maior votação dentre os dez eleitos, precisamente, 1.767 votos. Elegeu-se prefeito naquele ano o médico Carlos Magno Costa Garcia, pela sigla do DEM, com 18.381 votos; ficou em segundo lugar, o também médico, doutor Gilson Andrade (PTC), obteve 11.103 votos. Disputaram também essa eleição os candidatos Márcio Souza (PSOL), 2.339 votantes e Joaldo Santos (PT), que alcançou 1.206 sufrágios eleitorais.
A Presidência da Câmara, no biênio 2013/2014, foi comandada por Tito Magno (DEM). Eleito vereador com a soma de 1.512 votos. A família Garcia estava no comando da esfera pública municipal – Carlos Magno, prefeito; Daisy de Oliveira Garcia, Secretária da Assistência; Tito Magno, presidente da Câmara. “Está um docinho de papai-noel”, dizia o saudoso amigo, Reginaldo Lima, em tom de brincadeira.
Sérgio da Larissa (suprimi por minha conta a preposição) e passei a tratá-lo de Sérgio Larissa, revelou-se um excepcional amigo, perdi a conta das vezes que ele me convidava para tomar cerveja, sentados na calçada do velho chafariz, defronte da sua delicatéssen; devorávamos alguns litrinhos enquanto alongávamos o colóquio e o relógio acelerava os ponteiros no adiantado da noite.
Num desses encontros, lembrei das conversas que tive com Reginaldo Lima, veio à tona a questão da Família Garcia está ocupando espaços políticos importantes da cidade; nesse entremeio, falava-se da eleição para a presidência da Câmara. O candidato era o filho do prefeito, vereador Tito Magno, que disputaria a reeleição para o biênio 2015/2016.
Na conversa, Sérgio me perguntou se eu aceitaria assumir a Assessoria de Comunicação da Câmara, caso ele fosse eleito presidente, pois estava articulando uma chapa surpresa para disputar com a chapa do filho do prefeito. “Os colegas estão insatisfeitos com a forma de tratamento que o atual presidente tem se comportado e pedem mudança. Ajude-me a ganhar essa eleição”, requereu.
“Como posso ajudar”, indaguei. “Você é da imprensa, faça matérias, participe dos programas de rádio, reverbere a questão de o pai ser prefeito, da mãe ser secretária municipal e do filho ser presidente da Câmara outra vez. Querem tudo!”, induziu. A eleição aconteceu, houve um bafafá medonho no dia da votação, o resultado foi protestado. Após idas e vindas na justiça, finalmente, Sérgio Larissa assumiu a presidência da mesa/diretora, biênio 2015/2016. Assumi a Ascom por dois anos, depois, por mais quatro anos, sob o convite do novo presidente André Graça (PP).
Sérgio exerceu dois mandatos de vereador, no primeiro obteve 1.767 votos (2012); segundo mandato eleito com 1.153 (2016) e disputou o terceiro mandato, não se elegeu, alcançou 884 votos. Foi um homem trabalhador desde cedo. Pequeno empresário no ramo de padaria. Tinha vocação pela política. Estreitou a relação política com a Família Mitidieri que o apoiava nos projetos políticos. Sonhou e realizou: ser eleito vereador, chegar à presidência da Casa Legislativa. Fui testemunha das vezes que tirava do bolso para ajudar aos menos afortunados. Homem de bom coração!
Como dizia: "Filho de um pedreiro e de uma costureira, foi uma luta chegar aonde cheguei. Muitos tentaram me derrubar, mas eu sou bom, o povo gosta de mim. E um dia serei prefeito da minha cidade”, estufava o peito, com o seu jeitão, verbalizava com um sorrisão estampado. Não chegou a realizar o sonho de ser prefeito, a covid-19 o tirou desta vida aos 47 anos, no dia 31 de março de 2021.
Em 21 julho de 2023.
Genílson Máximo
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