Em Estância, o São João é um marco cultural, considerado o mais tradicional do Brasil, com 30 dias de festejos que celebram a riqueza do forró pé de serra. Os trios de sanfona, zabumba e triângulo animam os arraiás, mas a cidade enfrenta a perda de grandes sanfoneiros, como Zé Taquary, Badinho, Tota Machado, Zé Rodrigues, Raimundo de Jacó, Zedinato e Patelô. Hoje, poucos, como Neno, Zé Carlos e Gonçalo, mantêm a chama acesa. A ausência de novos talentos ameaça a essência do forró local. É urgente que órgãos públicos invistam em políticas de incentivo, como escolinhas de sanfona e bolsas de estudo, para formar jovens sanfoneiros. Sem o pé de serra, o São João perde parte de seu encanto, e a cultura forrozeira, tão vital para a identidade nordestina, corre o risco de murchar.
O forró nasceu no Nordeste, especialmente em Pernambuco,
Paraíba e Ceará, como uma evolução das tradições musicais e culturais da
região. Suas raízes estão por toda parte do país. A mistura de zabumba,
triângulo e sanfona formou a base do gênero, que se espalhou por feiras, festas
juninas e migrações internas. A partir dos anos 1940, o forró ganhou o Brasil
com músicas como ‘Asa Branca’, de Luiz Gonzaga, que retratavam a vida
nordestina.
O gênero reflete as condições do sertão — seca, trabalho
árduo e celebrações coletivas —, mesclando influências populares, paixões,
amores. Suas variantes incluem:
- Baião: popularizado por Luiz Gonzaga, tem batida forte e animada, sendo um
pilar do forró tradicional.
- Xote: inspirado em danças europeias como polca e mazurca, foi adaptado ao
contexto nordestino.
- Xaxado: dançado por cangaceiros, como os de Lampião, seu nome vem do som dos
pés arrastando no chão.
- Arrasta-pé: ritmo acelerado, comum nas festas juninas e forrós pé de serra.
Mestres como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos, Marinês, Genival
Lacerda, Trio Nordestino moldaram o forró, com sanfoneiros por todo nordeste
aprendendo “de ouvido” a arte de puxar o fole. Em Estância o Trio Sertanejo
deixou saudades. Era formado por Pedro Sertanejo (sanfona), Ezequias (vocalista e zabumba), Tonho Maroto (vocalista e triângulo). O trio tinha uma pegada semelhante ao Trio Nordestino e Os 3 do Nordeste. Por anos o trio se apresentava na Rádio Esperança, aos domingos pela manhã, às 06h30, no programa 'Meia Hora no Sertão'. Meia hora de autêntico forró. Muito bom!
Por: Genílson Máximo
Comentários