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O cão comedor de pintos de João Fala Fina

  A notícia de um fato ocorrido na última semana, que abarrotou as redes sociais, trouxe-me à baila a lembrança de um amigo de alcunha ‘João Fala Fina’. Loroteiro, jurava de pés juntos que o seu cão subia em paredes para pegar lagartixas e que seu bichano tomava banho de bica. A patranha mais recente é que o seu cão é comedor de pintos. Ele tem uma galinha preta, da raça de pescoço pelado, que deu uma ninhada de 15 pintos. Essa galinha desfilava pelo terreiro a se orgulhar das crias. O seu cão, batizado de ‘Corró’, andava muito com o cão pertencente ao Sr. Mauro, vizinhos separados por uma cerca. Entretanto, o cão do Sr. Mauro possuía habilidades de caçador, excelente na caça de perdizes. Os dois cães, de tanto andarem juntos, desenvolviam habilidades distintas. O cão do Sr. Mauro a pegar perdizes, o de João Fala Fina (Corró), exterminava os pintos de casa. “Agora deu pra comer pintos. Não pode ouvir um pinto piar que parte pra cima”, disse João Fala Fina. Eu conversava com João Fala F

Major Osvaldo: “Em amor a Estância, ninguém me excede”.

Num dia desses, enquanto organizava meus livros, deparei-me com uma obra que descansava na estante há muito tempo. Era um livro da autoria do escritor estanciano Major Osvaldo. Essa descoberta trouxe à tona memórias relacionadas a um acontecimento de tempos atrás, quando um senhor simpático estacionou em frente à minha casa por volta das duas da tarde.  Uma voz desconhecida perguntava a meu vizinho sobre a localização da minha residência. Olhai pela janela e vi um homem de cabelos brancos, aparência afável e corpo franzino, que disse: “Vim aqui lhe conhecer pessoalmente. Pois, já ouvir falar muito da sua pessoa através dos jornais”. Escrevi para os jornais ‘Nosso Jornal’, ‘Folha Trabalhista’ e ‘Gazeta de Estância’. Convidei para entrar. Ele estava acompanhado de dona Edneuza da Farmácia, sua amiga de longa data. Nossa conversa se estendeu por aproximadamente duas horas, abordando uma variedade de assuntos. Nesse entremeio ele me presenteou com um livro da autoria intitulado “Estância

Serenata sob o Luar nos Anos Sombrios

(Foto: ilustrativa)  Ao destampar o baú de memórias, permita-me compartilhar um episódio hilário dos tempos em que eu fazia parte de um grupo musical ambulante, percorrendo as ruas noturnas da cidade sob o brilho prateado da lua, em contraste com as luzes urbanas. Era uma época em que entoávamos canções icônicas, navegando na crista da onda musical daquela era turbulenta. No ano de 1983, enquanto o país vivenciava o encerramento das cortinas da Ditadura Militar, ainda havia resquícios do temor e das torturas perpetradas por homens de boinas verdes. A trupe de seresteiros era composta por quatro membros: eu, Arlinaldo, David, e "Som". Nossa base era o bairro do Porto D'Areia. Eu morava na Rua da Tamanca, Arlinaldo na Rua do Pompeu. "Som", filho do mestre Cocoré, morava em frente à Maçonaria, e David residia na Rua do Arame. Às vezes, Unaldo (jovem com fumaças de cantor) se juntava a nós, brindava-nos com canções da sua autoria, nos cativando com sua destreza

AGNALDO RAMOS, UM HOMEM DE CORAÇÃO BONDOSO

O Homem é eterno quando suas ações são lembradas  Não podemos permitir que a gratidão seja o sentimento que rapidamente envelheça em nós. Está provado que “Nenhum homem é uma ilha isolada”, como disse John Donne; sendo assim, a gratidão é o maior símbolo de amor que podemos demonstrar ao próximo, pois ninguém consegue chegar a um lugar algum sozinho. Vivemos em comunidade, vivemos em tribos, precisamos uns dos outros. Com este preâmbulo, lembro as memórias da década de oitenta.  Escrevo essa crônica para imortalizar uma homenagem a Agnaldo Ramos, um cidadão de Estância que passei admirar por conta de um fato em que ele me ajudou sendo direto e eficaz. Abril de 1983, eu havia acabado de me tornar pai aos 22 anos. Minha esposa deu a luz na maternidade do Hospital Amparo de Maria e recebeu alta. Nascia minha primeira filha, a quem dei o nome de Fagna, em homenagem ao cantor cearense, meu ídolo, Fagner. Com a orientação do médico para deixar a maternidade, uma preocupação surgiu: com

FOI UM BOM COMÍCIO, MAS DE SITUAÇÕES INUSITADAS

Crônica (Foto ilustração: Google) Na década de 80, durante a efervescência de uma campanha eleitoral, fui convidado a participar do comício de um político local bastante conhecido. O evento foi realizado em frente ao Hotel Dom Bosco, em palco improvisado sobre a carroceria de um caminhão, voltado para a Praça do Amparo. Era noite de quarta-feira, a rua estava repleta de espectadores, criando um ambiente festivo para os moradores da localidade. Naquela época, era permitida a distribuição de brindes como camisetas, bonés e realização de shows artísticos. A rua estava decorada com cartazes dos candidatos a prefeito e vereador, imagens coladas nas paredes, postes enfeitados com bandeirinhas suspensas em cordões cruzando de um lado para o outro. A iluminação amplificava o cenário proporcionando o ambiente perfeito para o evento político. Os candidatos a vereador circulavam entre o público, distribuindo panfletos, cumprimentando eleitores e apresentando suas metas. Alguns, com recurso

Um menino que jamais vi me abraçou e me chamou de pai

Era um domingo, dia 13 de maio de 2007, para celebrar o Dia das Mães, convidei minha esposa para almoçarmos em um conhecido restaurante da cidade. Por volta das 13 horas chegamos ao local. Dirigimo-nos ao bufê, partos e talheres em mãos, escolhemos os alimentos e procuramos uma mesa para almoçarmos. Por ser uma data especial, muitos casais, filhos e filhas ocupavam os espaços do restaurante. Ao lado, uma atração musical animava os presentes com músicas alusivas ao Dia. O cantor, que fazia brilhante apresentação, sugeria que as pessoas pedissem música em homenagem às mães.  Veio-me à lembrança a música ‘Mamãe’, grande sucesso de Ângela Maria, gravada em 1957, da autoria de Herivélton Martins e David Násser. Fui atendido e o cantor muito bem aplaudido! A comida era ótima, apetitosa! Do lado de fora do restaurante não pude evitar perceber uma senhora que estava como se aguardasse que alguém lhe oferecesse um prato de comida e, ainda, com uma criança grudada à sua saia. Ela aparentava

O marchante Seu Quincas e a carne do nosso churrasco

Foto do Google. Ilustrativa   Essa crônica remonta fatos decorridos no início dos anos oitenta e tem como foco homenagear um cidadão de bem, trabalhador, que laborava como vendedor de carnes no mercado de carnes da feira-livre da nossa cidade. Joaquim Alves da Silva (Seu Quincas). Era um cidadão polido, de trato especial para com a sua clientela. Aquele que adentrasse ao Talho de Carnes era logo abordado – Freguês, aqui tem carne de primeira! Quer quantos quilos – indagava. E sempre ao final da compra fazia uma gracinha, oferecia um pequeno pedaço de carne ao freguês, às vezes um osso de correr ou costelas. Não me vem à lembrança como iniciou, mas, vez e outra, eu, juntamente com os amigos da adolescência: Dadinho, Dudé, Caborje, Calunga, íamos à sua banca pegar uma xepa, carnes de menor valor comercial, pedaços de carnes duras, alguns ossos cobertos com uma raspinha de carnes, mas que tinha muito que aproveitar, ele fazia um peso de cerca de dois quilos e nos doava. Nós tínhamos garan