Pular para o conteúdo principal

Major Osvaldo: “Em amor a Estância, ninguém me excede”.




Num dia desses, enquanto organizava meus livros, deparei-me com uma obra que descansava na estante há muito tempo. Era um livro da autoria do escritor estanciano Major Osvaldo. Essa descoberta trouxe à tona memórias relacionadas a um acontecimento de tempos atrás, quando um senhor simpático estacionou em frente à minha casa por volta das duas da tarde.  Uma voz desconhecida perguntava a meu vizinho sobre a localização da minha residência. Olhai pela janela e vi um homem de cabelos brancos, aparência afável e corpo franzino, que disse: “Vim aqui lhe conhecer pessoalmente. Pois, já ouvir falar muito da sua pessoa através dos jornais”. Escrevi para os jornais ‘Nosso Jornal’, ‘Folha Trabalhista’ e ‘Gazeta de Estância’. Convidei para entrar. Ele estava acompanhado de dona Edneuza da Farmácia, sua amiga de longa data.

Nossa conversa se estendeu por aproximadamente duas horas, abordando uma variedade de assuntos. Nesse entremeio ele me presenteou com um livro da autoria intitulado “Estância Folclórica”. O livro reúne uma coleção de crônicas que retratam suas memórias vividas em Estância. Uma frase do livro revela o amor profundo que autor nutria pela cidade: “Em amor a Estância, ninguém me excede”.

É possível que os jovens de hoje desconheçam a trajetória do Major Oswaldo Freire da Fonseca, nascido em Estância em 05 de dezembro de 1912. Ele provinha de uma família humilde e, ao longo dos anos, ingressou nas fileiras do Exército Brasileiro, alcançando a patente de Major.

Naveguei nas lembranças das visitas que fiz à Biblioteca Pública Municipal Monsenhor Silveira, na década de oitenta, nas conversas com Carlos Tadeu, diretor da biblioteca, sabia das doações de enciclopédias feitas pelo Major Osvaldo.

Major Osvaldo também contribuiu significativamente com os jornais locais, enriquecendo suas páginas com artigos, matérias e crônicas publicadas no ‘Folha Trabalhista’ e ‘Gazeta de Estância’. Ele também deixou sua marca em Jacutinga (MG), onde exerceu o cargo de Prefeito. Além das doações feitas à biblioteca municipal, também ajudou a centenária Lira Carlos Gomes, sua foto está entre a galeria dos ex- presidentes e colabores.

Durante nossa loquacidade, o Major Osvaldo revelou: “Estou fazendo essa visita sabendo que talvez não tenha outra oportunidade de estar em Estância. Minha saúde está frágil, mas estando na cidade de Estância fiz questão de conhecê-lo pessoalmente.”

Infelizmente, o Major Osvaldo faleceu no dia 13 de novembro de 2001, após um acidente ocorrido em sua própria casa, na cidade de Jacutinga (MG). Ele foi hospitalizado e não resistiu. Dedico essa crônica em memória desse notável estanciano.




Autor: Genílson Máximo

 

Por: Genílson Máximo

Em 03 de junho de 2018.

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Estância lamenta a perda irreparável de Riviany Magalhães, ícone da Educação Municipal

  A cidade de Estância está profundamente abalada com a precoce e trágica perda da professora Riviany Costa Magalhães, vítima de um acidente na BR-101. Mestre em Educação, Pedagoga, Psicopedagoga, Advogada e ex-secretária Adjunta da Educação, Riviany deixou um legado significativo para a educação do município. Sua partida inesperada representa uma perda imensa, não apenas pela vasta contribuição profissional, mas também pela presença acolhedora que exercia nas escolas municipais, onde, com dedicação, transformava a vida de alunos, colegas e toda a comunidade. Riviany não era apenas uma educadora, era um símbolo de afeto, compromisso e competência. Sua trajetória, interrompida de forma abrupta, deixou todos profundamente consternados, pois ainda havia muito a ser oferecido. A ausência de Riviany é sentida de forma irreparável, mas seu exemplo continuará vivo, servindo de inspiração para todos que tiveram o privilégio de conhecê-la. O prefeito Gilson Andrade e o vice-prefeito André G

Os cabarés de Estância, os homens de bem e o falso moralismo

Sem a menor pretensão de estar escrevendo algo original, singular, adianto que a minha motivação   para juntar esse monte de letras que chamo de texto, são as obras de Gabriel Garcia Marques, “Memórias de Minhas Putas Tristes”, as de Jorge Amado, “Teresa Batista Cansada de Guerra”, e Gabriela Cravo e Canela, assim como as músicas, “Cabaré” de João Bosco e Aldir Blanc, “Folhetim” de Chico Buarque de Holanda e “Geni e o Zepelim” também de Chico Buarque. Farei   observações sobre as profissionais do sexo, ora como putas, ora como prostitutas, ou qualquer outro sinônimo, seguindo o vocabulário de cada época. Escrever sobre personagens do andar de cima ou do andar de baixo é uma opção ideológica e não literária em minha opinião, por isso escolhi mais uma vez escrever sobre gente discriminada, gente que apesar do trabalho que exercia, tinha mais dignidade do que se imagina. Estou me referindo aos proprietários de cabarés. Quanto mais lemos, quanto mais estudamos as obras de Jorge

Estância e as suas ruas de nomes pitorescos

Capitão Salomão, centro Por: Genílson Máximo Estância, traz de pia, nome   que  converge em  ascensão ao substantivo feminino. Nome que  agrada ouvir sua sonoridade e que não o é cacófato. Por conta da sua simbiose com o município de Santa Luzia - do qual  foi povoação - quiçá, recebeu do mexicano Pedro Homem da Costa o nome de Estância, talvez  por ser  um local de paragem, de descanso quando das viagens de comércio entre outros  os povos da época. Denominada pelo monarca  Dom Pedro II como o Jardim de Sergipe,  Estância guarda na sua arquitetura os sobrados azulejados, possui um belo acervo arquitetônico, apesar das constantes perdas provocadas por destruições e mutilações de prédios históricos. Estância  das festas juninas, do barco de fogo, dos grupos folclóricos. Estância composta  por nomes de ruas que rasgam o tempo, mesmo com  as constantes mudanças de nomes, continuam vivos no consciente popular  com os seus  pitorescos  nomes. O programa "Sábado Esperança&