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Um menino que jamais vi me abraçou e me chamou de pai

Era um domingo, dia 13 de maio de 2007, para celebrar o Dia das Mães, convidei minha esposa para almoçarmos em um conhecido restaurante da cidade. Por volta das 13 horas chegamos ao local. Dirigimo-nos ao bufê, partos e talheres em mãos, escolhemos os alimentos e procuramos uma mesa para almoçarmos.

Por ser uma data especial, muitos casais, filhos e filhas ocupavam os espaços do restaurante. Ao lado, uma atração musical animava os presentes com músicas alusivas ao Dia. O cantor, que fazia brilhante apresentação, sugeria que as pessoas pedissem música em homenagem às mães.  Veio-me à lembrança a música ‘Mamãe’, grande sucesso de Ângela Maria, gravada em 1957, da autoria de Herivélton Martins e David Násser. Fui atendido e o cantor muito bem aplaudido!

A comida era ótima, apetitosa! Do lado de fora do restaurante não pude evitar perceber uma senhora que estava como se aguardasse que alguém lhe oferecesse um prato de comida e, ainda, com uma criança grudada à sua saia. Ela aparentava estar com fome, com roupinhas desgastadas, assim, também, a criança.  Eu estava acompanhado da esposa, sorríamos, comíamos, nos divertíamos, como todos do local.

A figura daquela senhora, ali do lado de fora, a olhar descabriada para as pessoas, me incomodou, pude observar que ela estava invisível para muitas pessoas que estavam almoçando.  Um funcionário do restaurante, mais grosso que rolha de poço, pediu que ele se retirasse.  Não me contive, fui até ele e pedi que a deixasse em paz que eu pagaria o almoço para ela e a filha.

Ressabiada, a mulher e a filha se dirigiram ao bufê, fizeram os seus pratos, se dirigiram a uma mesa ali, comeram em paz.  Confesso que esse ato me fez muito feliz. Pude proporcionar um momento magistral para aquela mãe e sua filha, justamente no Dia das Mães.

Mas, algo muito estranho, digo, muito especial estava para acontecer. Desde o momento que eu e minha esposa sentamos à mesa, um casal e o filho já faziam refeição numa mesa próxima. O menino desse casal devia ter seis anos, não mais que isso, olhava para mim e sorria, olhava e sorria. Dirigiu-se em minha direção, me abraçou sorrindo. Um abraço demorado, um abraço de saudade, um abraço afetuoso. Disse: “Meu pai”. Segurou minha mão por um instante e retornou à sua mesa. Fiquei, deveras, com o coração mais apertado que chapéu novo! 

Até hoje me interrogo por que de ele ter feito isso. Será que é a encarnação de um espírito de um parente meu de vidas passadas?  Há muito anos tenho sonhos com um menino, na mesma idade, a me chamar de pai. Naquele Dia das Mães fiquei extremamente feliz: fiz uma mãe feliz e ganhei um abraço afetuoso de uma criança que eu jamais conheci. São coisas de Deus!

 

Em 16 agostos de 2023.


Por: Genílson Máximo