Pular para o conteúdo principal

Estância: dois anos sem a voz e a sanfona do gênio musical Zé Taquary

Verdadeiro menestrel dos refolhos da arte do forró


Esta semana foi marcada com a data em que selou dois anos sem o forrozeiro arauense, Zé Taquary, estanciano por escolha, terra que ele deu o melhor de si, construiu família, fez amigos e revelou o seu apreço pela cultura do forró; em suas composições enalteceu nossas riquezas culturais e turísticas.

A quarta-feira, 13, a ausência do saudoso forrozeiro escreveu no livro da saudade dois anos. Taquary faleceu em 13 de novembro de 2017, seu passamento tomou a todos de surpresa. Sua voz, sua sanfona, sua expertise forrozeira, podem ser conferidas em composições que integram o CD “Genuinamente Brasileiro”, coletânea que reúne forrozeiros sergipanos, produzido por Carlos Braga – CB Produções Musicais Ltda., de 1997.

Nesse CD estão inseridas as músicas “Gostoso de amar”, “Nordeste Turístico”, “Forró dos Velhos”, “Sanfona e Berimbau”, “Um Cafuné”, da própria autoria.

No período junino Zé Taquary animava festas públicas, fazia casais dançarem agarradinhos, animava arraiais, onde se dançava de suar em bicas. Taquary costumava papear com os amigos na Praça da Matriz, não escondia sua vocação pelo forró; parabenizava a Família Leite pelo apoio a Música Popular Nordestina (Forró) pelo fato de dar espaço aos forrozeiros da região e promover encontros de sanfoneiros por meio da Rádio Esperança.


Taquary animou programas de rádios aqui da cidade, na Ilha FM com Eduardo Abril e na Esperança com Genílson Máximo. Trocou a sanfona pelos teclados. Justificou a troca pelo fato de com a sanfona ter que contratar zabumbeiro, triangulista.

- Além da adulação, do atraso para os ensaios, de darem cano, quando a gente faz uma tocata acham que ganhamos muito dinheiro e cobram os olhos da cara e quando descem do palco já querem o cachê. Muitas das vezes a gente recebe após dias. Cheguei até pagar do meu próprio bolso para evitar aborrecimento – revelou-me durante entrevista, em 28/01/2017.

Nesse dia ele fez uma viagem na obra de Trio Nordestino, de Luiz Gonzaga, de Raça Nega, Benito di Paula, de Luiz Ayrão. Foi um momento legal de excelente entretenimento.

Prometeu-me que faria um repertório misturando Genival Santos, Waldick Soriano, Lindomar Castilho e traria para uma apresentação ao vivo no programa “Sábado Esperança”, o qual apresento. Mas, o destino não permitiu. Foi-se, ficou a saudade que fustiga o coração dos amigos que ele tanto queria bem.

Dias antes do seu passamento, eu,ele e Reginaldo Lima (Forró Sadio) conversamos horas a fio, defronte do Abrigo Belvedere, sobre forró. Um papo gostoso, com tema apreciado.

Nesse dia, 13 de novembro, dois anos sem Zé Taquary, pela sua importância para a cultura estanciana, o aniversário do seu passamento não merecia passar em brancas nuvens na cidade em que  ele deu tanto de si.



Parabólica News
Genílson Máximo


Comentários

Karina Liberal disse…
Sempre prolífico com as palavras... minha admiração e espelho... Parabéns por não esquecer o amigo e ícone da cultura Estanciano Zé Taquari

Postagens mais visitadas deste blog

Estância lamenta a perda irreparável de Riviany Magalhães, ícone da Educação Municipal

  A cidade de Estância está profundamente abalada com a precoce e trágica perda da professora Riviany Costa Magalhães, vítima de um acidente na BR-101. Mestre em Educação, Pedagoga, Psicopedagoga, Advogada e ex-secretária Adjunta da Educação, Riviany deixou um legado significativo para a educação do município. Sua partida inesperada representa uma perda imensa, não apenas pela vasta contribuição profissional, mas também pela presença acolhedora que exercia nas escolas municipais, onde, com dedicação, transformava a vida de alunos, colegas e toda a comunidade. Riviany não era apenas uma educadora, era um símbolo de afeto, compromisso e competência. Sua trajetória, interrompida de forma abrupta, deixou todos profundamente consternados, pois ainda havia muito a ser oferecido. A ausência de Riviany é sentida de forma irreparável, mas seu exemplo continuará vivo, servindo de inspiração para todos que tiveram o privilégio de conhecê-la. O prefeito Gilson Andrade e o vice-prefeito André G

Os cabarés de Estância, os homens de bem e o falso moralismo

Sem a menor pretensão de estar escrevendo algo original, singular, adianto que a minha motivação   para juntar esse monte de letras que chamo de texto, são as obras de Gabriel Garcia Marques, “Memórias de Minhas Putas Tristes”, as de Jorge Amado, “Teresa Batista Cansada de Guerra”, e Gabriela Cravo e Canela, assim como as músicas, “Cabaré” de João Bosco e Aldir Blanc, “Folhetim” de Chico Buarque de Holanda e “Geni e o Zepelim” também de Chico Buarque. Farei   observações sobre as profissionais do sexo, ora como putas, ora como prostitutas, ou qualquer outro sinônimo, seguindo o vocabulário de cada época. Escrever sobre personagens do andar de cima ou do andar de baixo é uma opção ideológica e não literária em minha opinião, por isso escolhi mais uma vez escrever sobre gente discriminada, gente que apesar do trabalho que exercia, tinha mais dignidade do que se imagina. Estou me referindo aos proprietários de cabarés. Quanto mais lemos, quanto mais estudamos as obras de Jorge

Estância e as suas ruas de nomes pitorescos

Capitão Salomão, centro Por: Genílson Máximo Estância, traz de pia, nome   que  converge em  ascensão ao substantivo feminino. Nome que  agrada ouvir sua sonoridade e que não o é cacófato. Por conta da sua simbiose com o município de Santa Luzia - do qual  foi povoação - quiçá, recebeu do mexicano Pedro Homem da Costa o nome de Estância, talvez  por ser  um local de paragem, de descanso quando das viagens de comércio entre outros  os povos da época. Denominada pelo monarca  Dom Pedro II como o Jardim de Sergipe,  Estância guarda na sua arquitetura os sobrados azulejados, possui um belo acervo arquitetônico, apesar das constantes perdas provocadas por destruições e mutilações de prédios históricos. Estância  das festas juninas, do barco de fogo, dos grupos folclóricos. Estância composta  por nomes de ruas que rasgam o tempo, mesmo com  as constantes mudanças de nomes, continuam vivos no consciente popular  com os seus  pitorescos  nomes. O programa "Sábado Esperança&