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UM HOMEM CHAMADO JORGE LEITE

Doutor Jorge recebe o carinho da família na passagem do seu aniversário

Exemplo de cidadão e de generosidade

Em um desses dias que a gente tira para organizar as lembranças do passado, encontrei em um dos meus jacás ementas reunidas no rosário dos meus janeiros. Viajei nas asas da nostalgia e aterrissei nos idos dos anos noventa quando estava empregado, há cerca de dois anos, na Sulgipe, onde contei quase cinco anos de registro em carteira. Nessa memória em que lhes reservo, faço o relato de uma experiência que vivenciei junto ao proprietário da empresa.

Quem teve a oportunidade de trabalhar com o empresário Jorge Leite é conhecedor do homem bom que o é. Varão  de coração bondoso, prestativo, que tem pelo ser humano, seja rico ou pobre, expressivo respeito.  

Eu estava empregado há pouco mais de dois anos, trabalhava no setor de leituras e viajava por várias cidades da região sul do estado. Saía de Estância às segundas-feiras e retornava aos sábados para apresentar o resultado do trabalho apurado.

Certo dia, começo de ano, fui ao escritório falar com o patrão com a intenção de pedir um empréstimo - era comum fazer aos funcionários - já passava das quatro da tarde; desci a ladeira, cruzei a ponte, sôfrego com a ideia latente do empréstimo.

Ao falar com a secretária, via-se doutor Jorge no interior da sua sala, sentado ao birô de madeira, em verniz escuro, usando o seu tradicional terno azul, de óculos pesados, de cabelos grisalhos e penteados para trás.  Ao me avistar, acenou chamando - me.

- Boa tarde!
- Boa tarde, doutor Jorge!
- O que lhe traz aqui?
- Eu queria ver a possibilidade de a empresa me fazer um empréstimo.
- Para este mês a cota de empréstimo já encerrou - A resposta me caíra como um balde de água gelada. Todos os meus planos desceram água abaixo. Respirei fundo e fui à forra:

- Então, me adiante as férias - olhou para mim siso e apertou um dos botões instalados ao birô, em seguida apareceu uma funcionaria. “Veja se as férias dele estão em tempo”, ordenou.

Momentos depois ela retornava com alguns papéis e anotações - Não estão no tempo não. Ainda faltam quatro meses - Fiquei, deverás, ainda mais desolado.

- Doutor, o empréstimo não é possível, as férias também não, então me dê a exoneração - Ele olhou para mim, riu ligeiramente e recomendou: “Genílson, vá para casa, tenha juizo".  

Eu precisava do empréstimo para completar um dado valor para efetuar a compra de um terreno no Bairro Cidade Nova. Eu não revelei o motivo da necessidade do empréstimo.

Subi a ladeira da fábrica abespinhado. Assim que acabei de chegar em casa (Cidade Nova), um carro estacionava na porta e acenava com a buzina. Era um dos motoristas da empresa que trazia um recado - Doutor Jorge quer lhe falar com você  amanhã ao meio-dia na casa dele - disse o chofer.

No dia combinado eu o aguardava na frente da sua residência, conversava com o vigia de plantão, as pessoas indo e vindo pela Rua Santa Luzia nos cumprimentavam; sentia no rosto a brisa fresca, aragem que parecia vir da frondosa mangueira que se debruça sobre a Praça Princesa Isabel que na época dos frutos faz a alegria da gurizada.

Sua aparição nunca passava das doze e meia. Perto de duas da tarde, o Voyage de cor verde-escuro, de quatro portas, apontou. Doutor Jorge desceu com ar de gracejo, com o paletó azul sobre o ombro: "Genílson, lhe castiguei não foi? É que eu fui almoçar com doutor Ivan Leite" (deputado) - cumprimentou-me com um aperto de mão e retirou um envelope do bolso do terno e disse:

- É para você! Não é empréstimo! É uma ajuda de custo!  
Fiquei sem palavras, agradeci.

Não foi preciso perder meu emprego para ter a quantia que lhe havia solicitado. Hoje trabalho na Rádio Esperança a convite de ele, em  uma das empresas de sucesso capitaneada por este exemplo de homem chamado Jorge Leite.


Em 23 de junho de 2014.
Genílson Máximo

Fiz esse registro como forma de reconhecimento, por conta da passagem do seu aniversário comemorado este mês (19/06).