carnaval: cidade "despida" para receber a folia |
A cidade de
Estância, localizada a 68 quilômetros da capital, ganhou notoriedade na esfera estadual
por realizar grandioso carnaval de rua. Dentre os 75 municípios, o seu reinado
de momo oferecia desfiles de escolas de samba e também de blocos carnavalescos,
além de realizar a tradicional escolha da rainha do carnaval, responsável por
causar um frisson na mocidade feminina.
Este ano a cidade
foi despida dos adornos, não se vê uma tira de enfeite ou algo que enfatize o
momento festivo na cidade. Como nos anos anteriores, a prefeitura é a responsável
em preparar o cenário da festa momesca. Por todo o centro comercial – circuito
– artefatos eram fixados como numa espécie de assédio do folião que diante do panorama
acendia em si o espírito do carnaval e, claro, levando-o a cair na folia.
Sem decoração Estância sedia carnaval |
Por conta da
determinação do TCE, que proibiu 53 municípios realizar o carnaval por estarem
em débito com folha de pagamento de servidores, Estância que prometera ajuda às
escolas no valor de 30 mil reais, ficou impossibilitada porque ainda deve o 13º
salário dos servidores da educação e dos profissionais da saúde. Os carnavalescos foram pegos de calças
curtas. No mato sem cachorro, recorreram
aos empresários locais e amigos.
A recomendação do
TCE chegou atrasada. O prometido apoio da prefeitura os encorajou a fazer gastos
iniciais com a compra da matéria prima e contratação de mão de obra. “E agora
José”. Não há dúvida de que o carnaval
será bem magrinho. Foi noticiado que o prefeito e amigos também contribuíram
com recursos pessoais.
Na presente gestão o carnaval de rua tem perdido forças. Das cinco escolas de samba, restam três. À
frente da prefeitura desde 2013, a intitulada “Prefeitura do Desenvolvimento”
tem tratado às festas públicas com remédio amargo, fazendo-as emagrecer sob um
regime de enfraquecimento continuado. O São João já não tem o mesmo encanto de
antes, seguido do Natal, do Réveillon na Praia de Abais e agora o carnaval de
rua do último ano da gestão. Este já bateu com as botas, fechou o paletó.
O carnaval de rua de
Estancia foi resgatado pelo ex-prefeito Ivan Leite. Durante os seus dois
mandatos, o carnaval de rua conquistou fama e simpatia no seio do povo sergipano.
A cidade recebia visitantes e turistas que ocupam os serviços hoteleiros,
pousadas, produtos do comércio, serviços diversos e etc. À época cinco escolas
de samba e doze blocos irradiavam de alegrias o carnaval estanciano.
As escolas por
tradição desfilavam duas vezes – no domingo e na terça-feira. A cidade se
perfilava em forma de corredor por todo o circuito: do Bairro Santo à Praça da
Prefeitura. Uma multidão se acotovelava para assistir ao magistral desfile das
escolas Mangueira, Império do Samba, Amantes do Samba, Acadêmicos do Porto e
Imperatriz. Cada uma com sua beleza, suas cores tradicionais, suas alegorias,
seus carros alegóricos, baterias, ala das baianas, mestre-sala, porta-bandeira
e enredo de exaltação dos valores locais. Este ano as escolas vão às ruas somente na
terça-feira (09), sem a mesma grandiosidade e de beleza reduzida. Os seus criadores, brincantes e carnavalescos
são merecedores dos nossos elogios. Verdadeiros heróis do carnaval de Estância
que diante de tantos entraves não deixam que essa cultura seja sepultada pela
falta de planejamento de certos governantes.
A cidade está
“despida” para festejar tanto o carnaval de rua como o de praia.
Genílson Máximo
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