Quem tem pouco mais
de 40 anos, por certo, nasceu na década de 70. Vivenciou as memoráveis guerras
de buscapés travadas do “Jardim Velho” à Praça da Catedral. A história guarda nomes de agentes fomentadores
do São João tais como: Zé dos Santos, Antônio Osvaldo, Seu Tozinho, Seu Valdir, Zé do Pó,
Tonho Lixa, Valdemar Gageru que tinha o apoio de Filadelfo Costa, esse soltava
algo em torno de 500 dúzias de buscapés. Literalmente botava fogo no beco.
Era uma festa, um
corre-corre. “Fogo no beco que o beco tah escuro”, gritavam os mais afoitos que
tentavam “malhar” os buscapés ou os taxava de "mijões"; alguns se protegiam por
detrás dos pés de oitis fugindo dos buscapés que rabeavam sem destino.
Pelos quadrantes da
cidade se ouvia os hits da época – Genival Lacerda, Trio Nordestino, Marinês,
Luiz Gonzaga - as batucadas saíam de bairros como Botequim e Porto D’areia,
desfilavam até a Praça da Prefeitura e, aí, o fogo comia no centro. Na Praça da
Catedral era erguido o mastro que queimava noites a fio.
Em cada rua da cidade havia um
mini-arraial, uma fogueira acesa, uma radiola a tocar, famílias de vizinhos a
se confraternizarem, até era celebrado o tradicional “Compadre e Comadre de
fogueira". Uma manifestação intrínseca da cultura popular.
Há muito tempo não se faz um São João de
fogueira na porta de casa, animado por trios de forró, de quadrilhas juninas, de batucadas e cantorias; um São João do grito de guerra: “Fogo no beco que o beco
ta escuro” e foi o que mais se ouviu na Rua Nova na festa de Santo Antônio
deste ano, com a soltura de buscapés, toda uma exibição pirotécnica com o selo da
maestria dos nossos fogueteiros.
O São João deste ano
traz um diferencial: devolve um gostinho do São João passado. Munícipes
e visitantes vêm ao arraial vê os atrativos, degustar das comidas típicas, degustar
dos saborosos licores de frutas tropicais ali vendidos tais como de Pitanga, Cambuí, Tamarindo, Jenipapo;
vêm vê os barcos de fogo, as guerras de busca-pés, dançar forró, etc.
Estância traz nas
suas raízes toda uma riqueza material e imaterial do nosso São João, de
religiosidade, em que são festejados os Santos São José, Santo Antônio, São
João, São Pedro, Santa Ana. Uma manifestação cultural-religioso presente na
cidade, na zona rural.
A gestão
municipal está de parabéns por trazer de volta essa alegria mostrando o que é um verdadeiro São
João, feito de forma detalhada, organizada, lapidado, valorizando os artistas
da terra, em que cada um tem o seu momento de encenação em espaço apropriado onde é criada uma ebulição cultural durante 30 dias do mês de junho.
Estamos num período
bem próximo das eleições - há quatro meses – e não se vê o prefeito Gilson Andrade,
nem a sua vice-prefeita Adriana Leite falarem de eleições. Mas, voltados para
gestão municipal, trabalhando, com o mesmo foco, na busca de proporcionar aos
munícipes o melhor que a Prefeitura possa oferecer e, de forma organizada, antecipam
os salários dos servidores e servidoras para que esses possam brincar ainda
mais felizes, injetando no comércio cerca de oito milhões de reais.
Estância faz um São
João com responsabilidade, pagando aos servidores e aos prestadores de
serviços. E ainda traz de volta o gostinho do São João do passado: da sanfona,
da zabunda, do milho, da fogueira, fazendo os dois tempos caminharem juntos,
passado e presente.
Nesse sábado (23)
será Véspera de São João e terá festa no arraial da pracinha, no forródromo,
por toda cidade. Aproveite para receber os amigos, aproveite para ir à praça e quem é de dançar
aproveite para gastar sola de sapato, arear a fivela. Vamos fazer do nosso São
João o melhor do mundo!
Tenham todos e todas
um bom São João!
Por: Genílson Máximo
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