Pular para o conteúdo principal

Dalva de Oliveira e Herivelton na versão de Dr. Jorge Leite

Era um dia de terça-feira, 15 de abril de 2003; eu estava no estúdio de produção da Rádio Esperança, fazia a programação do dia seguinte. O telefone tocou, atendi, do outro lado da linha nosso colega de radio Doutor Jorge: “Genílson, meio-dia vá lá em casa, vamos gravar o meu programa”. – Era comum produzirmos o Programa “A Esperança Conversa com Você” nesse horário.

Ao meio-dia eu estava lá no portão a conversar com o vigia enquanto o aguardava. Por volta do meio-dia e dez o carro apontara e fizera uma parada defronte da casa de Dona Laura (funcionária de confiança). O veículo seguiu até onde eu estava, ao descer, Doutor Jorge mandou que eu entrasse e o aguardasse na varanda da sua residência. Minutos depois retornou, abriu a sala de estar e convidou-me a entrar. Na sala existia um pequeno estúdio: mesa de áudio, microfone, tape deck, sobre uma mesinha no canto de uma janela do lado esquerdo da sala.

Eu tinha preparado um tema sobre a música “ENGANADORA” (Alcides/Monarco), dando destaque para a interpretação diferenciada de dois grandes nomes do samba: Monarco e João Nogueira. Cada um com o seu estilo, com sua maestria. Doutor Jorge fazia os comentários enquanto eu operava os equipamentos. Os comentários feitos pelo colega eram excelentes e ricos em detalhes. A gravação era feita em fitas cassetes – TDK, SCOTH, PHILLIPS e BASF, depois encaminhada à emissora e reproduzida às 12:30h e às 21 horas. A cada dia uma gravação, um novo tema, um programa novo.

Naquele tarde, após a gravação, Doutor Jorge perguntou-me se eu conhecia a história artística e amorosa de Herivelton Martins e Dalva de Oliveira. Eu não conhecia, mas sabia da existência de ambos. Ficou decidido que a próxima gravação teria como tema os referidos cantores. Mas, Doutor Jorge como um aplicado radialista mandou comprar em São Paulo, em uma loja especializada, dois long-play (LP) do referido casal. Esperamos por cerca de quinze dias até chegarem. Mais uma vez nos reunimos ao meio-dia em sua residência para uma avaliação do material.

Dias depois, gravamos o programa e músicas como: Errei Sim, Bandeira Banca, Que Será, Tudo Acabado (Dalva); Cadeira Vazia, Atiraste uma Pedra, Pensando em Ti (Nelson Gonçalves); Vingança (Lupicinio) e outras foram destaques do programa em homenagem a Dalva e Herivelton; comentários abalizados com riqueza de detalhes foram evidenciados pelo aprosentador, uma vez que Jorge Leite foi contemporâneo do episódio. Conseguiu rememorar a trajetória de um dos casais mais célebres (e expostos) da história da música brasileira.

Para a minha surpresa, no ano de 2010, a Rede Globo levou ao ar a minissérie “Uma Canção de Amor” que relatava a história dos referidos cantores. Mas, a Rádio Esperança, por meio do seu criador, chegou primeiro.

Genílson Máximo

Jornalista e Radialista

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Estância lamenta a perda irreparável de Riviany Magalhães, ícone da Educação Municipal

  A cidade de Estância está profundamente abalada com a precoce e trágica perda da professora Riviany Costa Magalhães, vítima de um acidente na BR-101. Mestre em Educação, Pedagoga, Psicopedagoga, Advogada e ex-secretária Adjunta da Educação, Riviany deixou um legado significativo para a educação do município. Sua partida inesperada representa uma perda imensa, não apenas pela vasta contribuição profissional, mas também pela presença acolhedora que exercia nas escolas municipais, onde, com dedicação, transformava a vida de alunos, colegas e toda a comunidade. Riviany não era apenas uma educadora, era um símbolo de afeto, compromisso e competência. Sua trajetória, interrompida de forma abrupta, deixou todos profundamente consternados, pois ainda havia muito a ser oferecido. A ausência de Riviany é sentida de forma irreparável, mas seu exemplo continuará vivo, servindo de inspiração para todos que tiveram o privilégio de conhecê-la. O prefeito Gilson Andrade e o vice-prefeito André G

Os cabarés de Estância, os homens de bem e o falso moralismo

Sem a menor pretensão de estar escrevendo algo original, singular, adianto que a minha motivação   para juntar esse monte de letras que chamo de texto, são as obras de Gabriel Garcia Marques, “Memórias de Minhas Putas Tristes”, as de Jorge Amado, “Teresa Batista Cansada de Guerra”, e Gabriela Cravo e Canela, assim como as músicas, “Cabaré” de João Bosco e Aldir Blanc, “Folhetim” de Chico Buarque de Holanda e “Geni e o Zepelim” também de Chico Buarque. Farei   observações sobre as profissionais do sexo, ora como putas, ora como prostitutas, ou qualquer outro sinônimo, seguindo o vocabulário de cada época. Escrever sobre personagens do andar de cima ou do andar de baixo é uma opção ideológica e não literária em minha opinião, por isso escolhi mais uma vez escrever sobre gente discriminada, gente que apesar do trabalho que exercia, tinha mais dignidade do que se imagina. Estou me referindo aos proprietários de cabarés. Quanto mais lemos, quanto mais estudamos as obras de Jorge

Estância e as suas ruas de nomes pitorescos

Capitão Salomão, centro Por: Genílson Máximo Estância, traz de pia, nome   que  converge em  ascensão ao substantivo feminino. Nome que  agrada ouvir sua sonoridade e que não o é cacófato. Por conta da sua simbiose com o município de Santa Luzia - do qual  foi povoação - quiçá, recebeu do mexicano Pedro Homem da Costa o nome de Estância, talvez  por ser  um local de paragem, de descanso quando das viagens de comércio entre outros  os povos da época. Denominada pelo monarca  Dom Pedro II como o Jardim de Sergipe,  Estância guarda na sua arquitetura os sobrados azulejados, possui um belo acervo arquitetônico, apesar das constantes perdas provocadas por destruições e mutilações de prédios históricos. Estância  das festas juninas, do barco de fogo, dos grupos folclóricos. Estância composta  por nomes de ruas que rasgam o tempo, mesmo com  as constantes mudanças de nomes, continuam vivos no consciente popular  com os seus  pitorescos  nomes. O programa "Sábado Esperança&