Dom Coutinho (bispo), Walter Cardozo (prefeito) Prof. Teles |
(Se a história não contou, eu conto)
Eleições de 1988
Vou trazer à baila fatos que aconteceram nos bastidores políticos por conta das eleições municipais de 1988 em Estância. Naquele ano o governador do Estado de Alagoas, Collor de Melo, almejava ser Presidente do Brasil. O Partido da Juventude (PJ), com base nos Estados do Rio e São Paulo, foi escolhido para dar suporte ao sonho do governante alagoano.
O seu mote de campanha era “Caçador de Marajás”. Com sua retórica aguda, o governante Collor acendia no nordestino a esperança de ver o país passado a limpo. As promessas eram alvissareiras. Diante da sua ascensão, o PJ estava na moda.
Na quentura desse modismo, aqui na cidade foi criado um diretório do PJ capitaneado pelos jovens, Augusto Santos, Corinto Andrade, Dr. Wellington, professor Walmir e este que vos escreve. Transcorria nos corações estancianos o desejo patriótico de eleger o futuro Prefeito. O prefeito Carlos Magno estava na iminência de encerrar seu mandato de seis anos.
Naquele ano disputavam a Prefeitura o empresário Ivan Leite (PDC), o médico Walter Cardozo e o comerciante Nivaldo Silva, os dois últimos concorriam pelo PDS. O prefeito Carlos Magno estava disposto a dar apoio a Nivaldo Silva.
Houve muitos encontros e conversas visando um entendimento político entre os grupos. Lembro-me que num sábado, pela tarde, saímos de uma reunião de cúpula, da qual participara o prefeito Carlos Magno e o empresário Nivaldo Silva, certos de que, no domingo, seria realizada a homologação do nome de Nivaldo, nas instalações da Lira Carlos Gomes.
No dia seguinte, pela manhã, engalanado, eu chegava à sede da lira e Renato Silva me informara que na noite anterior (sábado para domingo) o acordo entre Nivaldo e Carlos Magno havia sido desfeito. E que o prefeito Carlos Magno iria apoiar Walter Cardozo. A convenção de apoio a Walter Cardozo acontecia nas instalações do SESI naquela manhã de domingo.
O nosso partido (PJ), por intermédio do médico José Augusto, foi convidado a ter uma conversa com o candidato do PDC. O filho de “doutor Jorge”, iniciante na política, que nos recebeu na residência de Dr. José Augusto, por volta do meio-dia. Não houve um entendimento. Confesso que foi um encontro diplomático, num clima de cordialidade. Era o meu primeiro contato com o democrata Leite.
Sob a influência de Carlos Magno, o PJ foi convidado a ter uma conversa com Walter Cardozo. Desse encontro eu não participei, estive fora da cidade, fui informado que o encontro foi positivo com o prefeiturável pedessista. O entendimento consistia na criação da Secretaria de Ação Comunitária, que seria representada pelo Partido da Juventude. Na eleição daquele ano o PJ “vestiu” a camisa do candidato albanista. O Partido da Juventude lançou quatro candidatos a Vereador; não conseguiu eleger nenhum, mas rendeu à coligação uma soma de mais de 500 votos.
As campanhas eleitorais daquela década eram apoteóticas: comícios seguidos de shows artísticos, distribuição de cartazes, santinhos, camisas, bonés e etc. O resultado das eleições era apurado nas instalações do fórum local, onde atualmente funciona a Câmara Municipal; vários pleitos foram orientados pelos juizes de Direito, Dr. José Artêmio Barreto e Dra. Rosalgina Almeida que conduziram com maestria os pleitos eleitorais à época.
“Quem viver verá”, foi o mote da campanha eleitoral de Walter Cardozo, composição da professora Raimunda Andrelina. Valter vencera as eleições com cerca de 5.500 votos; Ivan Leite, candidato pela primeira vez, auferiu cerca de cinco mil votos. Seu mote de campanha era “Onde o sol nasce para todos”. Walter Cardozo ressurgia das cinzas diante da derrota para Deputado Estadual, nas eleições de 1986, quando obteve cerca de 4 mil votos e o empresário Ivan Leite ficou bem na fita e de olho na eleição de deputado.
Durante o período de transição municipal, Corinto Andrade, Augusto Santos e professor Valmir foram à casa do prefeito eleito que residia no imóvel que dá lugar ao Supermercado Bombom. O encontraram a se balançar numa rede na sala de estar; Walter os recebeu apático; difidentes, falaram do assunto que os levara até ele, Walter foi imperativo: “Vocês acham que eu vou dar uma Secretaria para vocês? Vão tirar o fedor do mijo”, e deu as costas deixando-os na sala. Diante da negativa, os meninos ficaram com cara de cão que caiu da mudança.
Genílson Máximo
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