PREFEITURA DE ESTÂNCIA QUER CONSTRUIR TEATRO DEMOLINDO PRÉDIO QUE PERTENCEU À FAMÍLIA DE PASCOAL NABUCO
Memorial de Estância |
Estância
concentra inúmeros monumentos históricos que retratam sua riqueza
arquitetônica, referência de uma era que mantém sua permanência na história.
Estar na vigilância para manter vivo esse capital histórico tem sido uma luta
hercúlea de muitos estancianos que sofrem ao ver a azulejaria portuguesa sendo
preterida por pinturas e texturas que matam aos poucos o orgulho histórico da
cidade jardim.
A cada dia,
sobrados e casarios agonizam na destruição conta-gotas. Já se foram a Padaria
Brasil (atual Banese), casario que deu lugar ao prédio da CEF, casario que foi
substituído pelo Restaurante Lunary, e, na semana passada foi demolido um casario na
Praça 24 de Outubro; mesmo não sendo esses tombados pelo Patrimônio Histórico,
não deixam de ser referências dos nossos antepassados; acontece à luz do dia
uma verdadeira extorquia desses monumentos, alguns têm suas fachadas adulteradas,
outros condenados ao esquecimento.
Não se pode
perder de vista que esses casarios são na verdade a marca de uma era fausta de
Estância, fruto do trabalho de muitas vidas no campo, nos engenhos da vizinha
Santa Luzia. Quando um desses prédios é posto abaixo também é destruída a alma
do estanciano, são apagados os registros coletivos da sociedade, comete-se um
crime contra a história da cidade.
Fiz esse proêmio
para trazer à baila um assunto que durante a última semana foi dos mais
comentados. Quem acompanha os programas
de rádios de Estância pode ouvir, sistematicamente, que o prefeito municipal
Carlos Magno conseguiu emendas parlamentares no sentido de construir um Teatro
Municipal. A notícia foi bem recebida pela sociedade, ainda mais, pelos
artistas que mantêm viva a cultura cênica na cidade - que o diga o mestre Luiz
Carlos Dussantus (Dissanti), ator e diretor teatral.
Estância estará
de parabéns se tal projeto for mesmo realizado. O que implica é que o prefeito
Carlos Magno está mal orientado quando pensa em construir o Teatro no local do
prédio do Memorial, defronte do antigo SESP. Faz parte do projeto a demolição
da casa que pertenceu ao pai do desembargador Pascoal Nabuco, doada ao Estado
para servir de Memorial. Se isso acontecer será mais um crime contra o
patrimônio-histórico, político, cultural e arquitetônico de Estância; estará
vitaminando um processo que pouco a pouco está fazendo sumir essa riqueza do
cenário urbano.
O desejo dos
estancianos é que o Prefeito recupere o Prédio do Memorial, transforme no Museu
de Estância e que possa construir o Teatro Municipal em outra área adequada.
Existem áreas bem localizadas a exemplo do terreno próximo à Escola João Nascimento
Filho; área do antigo CEASA; Bairro Santa Cruz; Bairro do Porto e na área da quadra
dos fundos do CSCJ. Para que não
aconteça o mesmo que acontece com o Auditório Judite Melo, construído há cerca
de 20 anos, mal localizado, sem área de estacionamento, sem dependências, o que
contribuiu para o pouco uso.
De conformidade com
o nosso amigo Luiz Carlos Dussantus (ator), um teatro não é uma obra qualquer,
pois não é um simples auditório, exige equipamentos que são caros e
pré-requisitos acústicos, primordiais e indispensáveis para seu bom
funcionamento. Quem vai usar esse espaço são os artistas, principalmente os da
área das artes cênicas; seria democrático se esses fossem ouvidos, que lhes
fosse mostrado o projeto, assim como as maquinarias e equipamentos que pretendem
adquirir, pois os artistas são as pessoas que conhecem bem os teatros e sabem
como eles funcionam e podem contribuir no desenvolvimento desse grande projeto
do povo da Estância.
Um dos
secretários que sabe da importância do que estamos a falar é o de Cultura,
Professor Miguel Viana, entusiasta na defesa do patrimônio arquitetônico,
político e cultural de Estância. Esperamos que ele intervenha e que consiga colocar
o prefeito no curso certo da história, para que esse empreendimento não resvale
na inutilidade, construído em local inadequado, apertado, sem espaço para
estacionamento, de trânsito sufocado e sem oferecer dependências adequadas; que
em vez de ser útil para a sociedade se transforme num presente de grego.
Somos a favor da
construção do teatro Municipal, mas somos contra a demolição de mais uma
referência que enriquece o patrimônio cultural e arquitetônico da cidade.
Por: Genílson Máximo
Comentários