Edjane Oliveira, da Agência Alese
Na sessão desta terça-feira, dia 17, o deputado estadual Gilson Andrade (PTC) levantou um debate na Assembleia Legislativa sobre o programa do governo federal Mais Médicos. O parlamentar, que também é médico, iniciou sua fala destacando que seu discurso não seria ideológico, mas apenas baseado na sua experiência e vivência ao longo de mais de duas décadas como médico no interior do Estado, especialmente no município de Estância e na região Sul.
O deputado afirmou que sabe das dificuldades por que passam os profissionais médicos e também das dificuldades ainda maiores que passa a população no que se refere à atenção básica e também no serviço de urgência e emergência em Sergipe e em todo país. Gilson Andrade disse que o programa Mais Médicos foi instituído através de uma Medida Provisória sem que houvesse um debate amplo, profundo com as entidades médicas. “Estas deveriam ter sido ouvidas, mas o governo federal entendeu que deveria colocar goela abaixo o que entendia para resolver a situação caótica da saúde pública em nosso país”, disse.
De acordo com o deputado, ninguém em sã consciência é contra o programa Mais Médico, pois quanto mais médicos melhor para a população. Mas o parlamentar disse que, a seu ver, o governo federal instituiu dois programas Mais Médicos no país. Um, disse ele, que foi lançado no início do mês e outro com os médicos que chegaram no último final de semana. Em seu discurso, Gilson Andrade citou matérias publicadas na imprensa dando foco ao que ele classificou como dois programas Mais Médicos.
No primeiro caso, focando a desistência dos primeiros médicos brasileiros que aderiram ao programa, mas que desistiram diante das condições que se depararam no municípios. “Ou seja, esse programa fadado ao fracasso fracassou em seu nascedouro”, disse. O deputado Gilson Andrade citou o exemplo ocorrido no município de Santa Luzia. Ele falou que estava no município atendendo quando passou um carro de som anunciando a chegada do médico do programa na cidade. No entanto, logo depois ele soube que o profissional que foi para lá no mesmo dia desistiu de trabalhar na localidade. Ele lamentou que tenha se colocado na mídia que a falência do programa estava nos médicos brasileiros.
O deputado acrescentou que as manchetes dos jornais neste final de semana destacam o clima de festa com que foram recebidos os médicos estrangeiros do Mais Médicos. Embora diga que esses médicos são bem-vindos para atender a população mais carente, principalmente, ele não viu, nas fotos postadas, na bagagem de nenhum deles equipamentos que venham melhorar, de maneira concreta, o atendimento aos usuários.
“Não vi na bagagem de nenhum desses médicos um aparelho de radioterapia, de uma sacola com medicamentos para quimioterapia, nenhuma aparelho de raio x, de tomografia, de ultrassonografia e eles vieram com o intuito de resolver o problema da saúde pública de nossa gente. De que forma irão resolver”, indagou. Na avaliação de Gilson Andrade, eles vão para as cidades de Gararu, Poço Redondo, Arauá, Aracaju, São Cristóvão, por exemplo, e vão se deparar com as mesmas dificuldades e deficiências que os médicos sergipanos enfrentam há vários anos. “Atendemos e atendemos bem, damos o diagnóstico. Mas, por exemplo, para ser operado de um tumor de próstata, o paciente vai ficar seis meses, um ano aguardando. Se for para fazer transplante de rim, Sergipe não faz mais”, disse.
De acordo com o deputado, esses médicos estrangeiros que vieram para o Mais Médicos trouxeram apenas em sua bagagem sua experiência pessoal e profissional. “Não tenham dúvida que farão em Sergipe ou em qualquer outro local do Brasil um bom trabalho, se o nosso governo desse, realmente, as verdadeiras condições deles trabalharem e esses pacientes terem suas cirurgias asseguradas, como o seu internamento, seu leito de UTI disponível quando for necessário”, afirmou.
O deputado disse que eles serão alguns poucos se deparando com toda essa dificuldade que os médicos brasileiros já vivenciam há algum tempo no Estado de Sergipe. “Portanto, não atribuam a nós médicos o caos que está instalado na saúde sergipana e brasileira. Atribuam, sim, a uma falta de planejamento, compromisso com o não combate, à corrupção que a gente sabe que existe e deve ser combatida com determinação e, acima de tudo, com coragem”, frisou.
Vários deputados apartearam o pronunciamento do deputado Gilson Andrade.
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