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PEDIU-ME APOIO POLÍTICO E DEPOIS ME EXONEROU


O fato em tela ocorreu em 1988, um ano marcado pelas eleições municipais em Estância. Nessa época, a cidade estava sob a liderança do prefeito Carlos Magno, representante do PDS, e seu mandato de seis anos estava chegando ao fim. O ex-deputado e ex-prefeito Valter Cardozo havia sido derrotado nas eleições estaduais de 1986, quando tentou a reeleição para a Assembleia Legislativa e deu com os burros n'água. Ele precisou de aproximadamente sete mil votos, mas conseguiu apenas metade desse número, o que o deixou fora da política por dois anos.

Valter Cardozo estava ávido para fazer um retorno triunfal à política e conquistar a prefeitura pela segunda vez, mesmo sabendo que sua popularidade havia diminuído junto aos eleitores. Em 1988, o Brasil enfrentava uma crise econômica devastadora, com altas taxas de desemprego, uma inflação alarmante de 235%, preços controlados pelo governo e escassez de produtos nos supermercados.

Na década de 80, Valter Cardozo era um dos maiores pecuaristas com cerca de seis mil cabeças de gado prontas para o abate. Atendia grande parte do mercado da região. Ele costumava sair de casa após conferir o valor da arroba do boi no jornal "Bom Dia Brasil".

No governo de José Sarney, a carne tornou-se um produto de luxo na mesa do trabalhador. Por causa disso, Valter foi vítima de uma fake news à época, criada por seus opositores políticos. Espalharam que ele havia dito: "Pobre não precisa comer carne, deve se contentar com peixinho". Isso causou baixas à sua campanha, com muitas pessoas indignadas com essa suposta declaração.

Enquanto isso, o prefeito Carlos Magno estava nas tratativas de apoio ao seu antigo adversário político, Nivaldo Silva. As negociações aconteciam, e tudo parecia certo para homologar a candidatura de Nivaldo Silva até um sábado. No entanto, no dia seguinte, um domingo, o local mudou inesperadamente, da sede de Lira Carlos Gomes para o SESI, e o nome homologado foi o de Valter Cardozo.

Houve rumores na época de que o senador Albano Franco intercedeu junto a Carlos Magno, na madrugada de sábado para o domingo, pediu que ele apoiasse Valter Cardozo em vez de Nivaldo Silva. O pedido foi atendido e naquela eleição de 1988, Nivaldo Silva foi derrotado, enquanto Valter Cardozo foi eleito prefeito, com um mandato que se estendeu de 1989 a 1992, tendo o médico Dr. Jackson Guimarães como vice-prefeito. Valter já havia sido prefeito de 1977 a 1982 e, ao final de 1982, apoiou a candidatura de seu sucessor, Carlos Magno.

Durante as conversas políticas, Valter Cardozo, ainda pré-candidato à prefeitura, buscou meu apoio. Eu morava no Paulo Amaral e naquela época estava envolvido em trabalhos sociais para ajudar famílias carentes. Expliquei que não poderia apoiá-lo porque fazia parte do grupo político de Carlos Magno. No entanto, ele estava confiante e disse: "Dr. Carlos vai me apoiar, você verá." "Caso aconteça, o senhor terá o meu apoio", respondi.

Em 1988, o Partido da Juventude (PJ) estava em alta, liderado pelo governador de Alagoas, Fernando Collor. Naquela eleição eu, Augusto Santos, Dr. Corinto, Professor Valmir e Dr. Wellington éramos candidatos a vereador pelo PJ. Carlos Magno negociou com Valter Cardozo para o PJ apoiar a chapa, com a condição de criar a Secretaria de Ação Comunitária, na qual nosso partido indicaria os gestores. Valter Cardozo feliz, sorrindo, disse: "Está fechado!"

Entretanto, quando chegou o momento de montar o secretariado, procuramos Valter para discutir a Secretaria, ele estava deitado em uma rede e nos disse: "Vocês acham que vou dar uma Secretaria a vocês? Cresçam e tirem o cheiro do mijo". Levantou-se da rede, entrou para as camarinhas da casa e nos deixou com cara de quem viu caxinguelê.

No mês de março de 1988, já no cargo de prefeito, me chamou no gabinete e disse: "Estou enxugando a folha da prefeitura, está inchada, tenho que fazer alguns cortes. Infelizmente, estou começando por você"; fui exonerado.

 

Em 01 de setembro de 2023.

Genílson Máximo

 

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