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Durante minha infância e pré-adolescência, testemunhei a presença frequente dos vendedores de água, conhecidos como 'aguadeiros', que transportavam barris de água em jumentos, oferecendo seus serviços de porta em porta e de bairro em bairro. Esses aguadeiros anunciavam: "Olhe a água, freguesa! Água boa, fresquinha, limpinha". As pessoas saíam de suas casas com suas vasilhas, eram abastecidas e pagavam pelo serviço.
Os aguadeiros desempenharam um papel importante no fornecimento de água potável às famílias, especialmente porque a maioria não tinha água encanada em suas residências. O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) só foi criado em 28 de novembro de 1967, durante o primeiro mandato do prefeito Raymundo Silveira Souza (1967/1970). Esse marco representou o início de uma nova era na vida dos estancianos e gradualmente reduziu a presença dos vendedores ambulantes de água.
Mesmo após a criação do SAAE, muitas famílias continuaram comprando água. Dentre esses aguadeiros tornaram-se mais conhecidos, João Veríssimo, Salvador da Rua da Rosa, Salvador da Rua do Sol, Raimundo Mata Jegue e Alcino da Farinha. Esses vendedores contavam com a ajuda de jumentos, cada um transportando quatro barris de madeira. O comércio de água atingiu seu auge nas décadas de 60 e 70.
As famílias com melhor poder aquisitivo optavam por construir poços em seus quintais. Já aquelas que não tinham essa possibilidade, recorriam às correntezas do rio Piauitinga para lavar roupas, enquanto para consumo humano buscavam água em pontos como o Poço de Zé da Bica, a Fonte do Beque (de Dona Chica) e a Fonte da Pedra (de Zé Pinheiro), localizadas no bairro Porto d'Areia.
Além dessas fontes, outras também desempenhavam um papel importante, como a Fonte do Jambo Vermelho (de Seu Tomás), a Fonte da Fábrica Senhor do Bonfim; a Fonte da Donana, a Fonte do Buraco da Gia e a Fonte de Seu Juca (no bairro Santa Cruz); a Fonte do Senhor Costinha (pai de Filadelfo Costa) e a Fonte da Nambu. Também existia uma fonte significativa entre o bairro Botequim e o loteamento São Paulo.
A água da Nambu era a mais procurada e também a mais cara, vinda da fazenda Bongolo, onde agora está localizado o residencial Mariota Mesquita. O líquido era transportado por uma carroça de compartimento maior, puxada por dois cavalos. Até o início da década de 80, essa água era comercializada da mesma forma, seguindo o modelo de venda itinerante.
Durante minha infância, nas caminhadas pelas ruas do Queiroz, Limoeiro, Beco do Mirante, Aquidabã, Xixiu, Capim Macio, Miranga, Caminho do Porto, Areial, Ferreiros, Bahia, Usina, entre tantas outras, era uma cena bastante comum encontrar os aguadeiros com suas carroças puxadas por cavalos ou no lombo de jumentos.
"A água é a substância mais preciosa do mundo, necessária para todas as formas de vida e essencial para o funcionamento de todos os ecossistemas do planeta." - Peter Gleick, especialista estadunidense em recursos hídricos.
Em 21 de setembro de 2023.
Genílson Máximo
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