Era um assíduo frequentador da Biblioteca Municipal Monsenhor Silveira, na década de 1980; essa era dirigida pelo jornalista Daniel Reis, que atendia pelo pseudônimo de Carlos Tadeu, pessoa com deficiência auditiva; à época a biblioteca funcionava num imóvel localizado à Praça Barão do Rio Branco, etapa 01.
Paulo César era uma espécie de menino-prodígio para o seu tempo: apreciava a leitura, pegava livros emprestados na biblioteca – tinha que ser cadastrado – levava para casa e na semana seguinte devolvia e pegava outro e, assim, sucessivamente.
Na biblioteca, passava horas a conversar com Carlos Tadeu. Nessa época, devia ter 13 ou 14 anos. Era um jovem aspirante à política, expressava afeição pela política de Tancredo Neves, dizia que, quando chegasse à idade permitida, iria adentrar na política e disputar o cargo de vereador e pôr em ação os seus ideais.
Nas suas aparições na biblioteca municipal, não largava de mão falar sobre a política daquele momento, aplaudia o modus operandi de Tancredo Neves, era um ídolo para ele. Na biblioteca, havia espaço reservado para conversa e para pesquisa e leitura. Paulo César estava sempre portando uma agenda, fazia suas anotações, escrevia poesias, que depois eram publicadas no jornal Folha Trabalhista, por intermédio de Carlos Tadeu, que tinha espaço no referido semanário.
No ano de 1983, por meio do Grupo Lua Nova, foi criado o Festival de Poesia Falada. Paulo César foi um dos poetas pioneiros a integrar o elenco de poetas, sendo classificado para o festival. Foi um ponto de largada para ascender na vida cultural da cidade.
No ano de 1985, Tancredo Neves foi saudado como candidato da conciliação, foi eleito Presidente da República pelo Colégio Eleitoral, numa terça-feira, 15 de janeiro de 1985, recebendo 480 votos contra 180 dados a Paulo Maluf e 26 abstenções, bem como recebeu os votos dos integrantes do PMDB, da Frente Liberal, grupo dissidente do PDS, além do PDT, e da maior parte do PTB.
No ápice dessa ocasião, sua contumácia pela política e pela arte cultural fez com que Carlos Tadeu lhe desse o nome de ‘Tancredinho', assim ele seguiu conhecido por toda sua vida.
Certa feita, em 1986, o prefeito Carlos Magno (PDS) leu uma matéria escrita por Carlos Tadeu, no jornal ‘Nosso Jornal’, do qual eu fazia parte, matéria que dava destaque a Tancredinho e disse querer conhecê-lo.
Levei-o até o gabinete e lá passamos mais de uma hora a conversar. Paulo César aproveitou para apresentar algumas sugestões que agradaram ao gestor.
No curso do tempo, sempre nos encontrávamos nos movimentos políticos ou culturais. Ele fez parte do Grupo Lua Nova (cultural); escreveu para os jornais ‘Folha Trabalhista’, ‘Gazeta de Estância’, ‘Nosso Jornal’, ‘Folha do Município’; estudou Direito na UNIT, foi seminarista.
Produziu uma obra biográfica sobre a vida do empresário Jadiel Lopes, auxiliou e orientou a ex-vereadora Maria de Jadiel. Iniciou a biografia do empresário Ivan Leite. Sob a sugestão do biografado, conversou muito comigo, lhe passei boas informações.
Quando o tempo nos permitia uma brecha, nos encontrávamos no extinto Abrigo, defronte da catedral, onde atualizávamos nossos escritos, falávamos sobre política nacional, local, entre outros assuntos.
Outras vezes, o bom papo se dava na Rua Nova, no Quiosque do senhor Oliveira, à tardezinha, onde devorávamos umas Antárcticas geladinhas; também acontecia de nos encontrarmos no quiosque do senhor Irineu, defronte do Banco do Brasil, outras vezes no Bar Central.
A estrada da vida nos levou a destinos diferentes, entretanto, jamais deixamos de nos comunicar, de debulhar assuntos ao nos encontrarmos.
E na data de hoje, 21-02-2024, tive a tristeza de despedir-me do meu amigo, Tancredinho. Você será sempre lembrado entre os seus amigos. Vá com Deus!
Em 21/02/2024.
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