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A sedução da Mentira e a coragem da Verdade: um chamado à integridade social



Há uma antiga fábula do século XIX que ilustra, de maneira eloquente, a relação complexa entre a verdade e a mentira. Em um encontro casual, a Mentira elogia o clima e, ingenuamente, a Verdade concorda. Ambas, então, decidem se banhar em um poço. Aproveitando o momento, a Mentira rouba as vestes da Verdade e foge, vestindo-se como tal. Quando a Verdade emerge nua do poço, encontra um mundo que desvia o olhar, rejeitando-a com vergonha. Despida, a Verdade se refugia, enquanto a Mentira, disfarçada, é amplamente aceita. O mundo, seduzido pelas aparências, prefere a mentira bem-vestida à verdade despida e dolorosa.

Essa alegoria permanece incrivelmente atual. Mesmo em locais como Estância, uma cidade conhecida pela sabedoria e discernimento de seu povo, a mentira encontra espaço para florescer, muitas vezes mascarada de verdade. Embora o povo tenha a capacidade de discernir entre o falso e o verdadeiro, a constante luta entre o bem e o mal persiste. Trata-se de uma realidade bíblica, como atestado em Provérbios 12:22: "O Senhor abomina os lábios mentirosos, mas se deleita com os que falam a verdade." Esse versículo sublinha o valor supremo da verdade e a condenação divina da mentira.

Ainda assim, mesmo diante dessa sabedoria milenar, há quem insista em semear a mentira nos corações e mentes da população. Essas pessoas propagam inverdades com o mesmo entusiasmo com que saboreariam um vinho raro. Elas se aproveitam do disfarce da verdade para promover a própria agenda e não demonstram qualquer arrependimento por seus atos. E aqui surge uma questão essencial: como podemos confiar em indivíduos que não hesitam em vestir a mentira com o manto da verdade?

Esse comportamento moralmente comprometido reflete diretamente nas aspirações dessas pessoas, impedindo-as de alcançar posições de liderança, tanto na política local quanto estadual. A desonestidade, por mais sutil que seja, revela o caráter de quem a pratica. Como diz o evangelho de João 8:44: "Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele." Aqueles que conhecem a verdade, mas ainda assim optam por difundir a mentira, tornam-se servos de uma força maligna, contribuindo para a desordem e o engano.

 O caso do SAAE e a Verdade ignorada

 Recentemente, Estância foi palco de discussões acaloradas sobre a inclusão do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) na Microrregião de Saneamento Básico de Água, instituída por uma lei estadual e leiloada na bolsa de valores de São Paulo. A mentira, mais uma vez, ganhou terreno, com boatos circulando que atribuíam ao prefeito Gilson Andrade e ao vice-prefeito André Graça a responsabilidade por essa concessão. No entanto, a verdade dos fatos, sustentada por documentos oficiais, mostra uma realidade completamente diferente.

Tanto o prefeito quanto o vice-prefeito formalizaram, junto ao Governo do Estado, um pedido explícito de exclusão do SAAE desse processo. Além disso, reiteraram sua posição contrária por todos os meios e canais disponíveis, porém o governador optou por não atender ao pedido. É nesse contexto que a fábula da Verdade e da Mentira assume novo significado: a verdade, por mais difícil que seja de aceitar ou entender, sempre se mostra o caminho mais digno, enquanto a mentira, sedutora e conveniente, traz apenas confusão e desconfiança.

 A importância de defender a Verdade

 Vivemos em uma época em que a informação é disseminada de maneira vertiginosa. Com a popularização das redes sociais e a instantaneidade das comunicações, a mentira tem se mostrado ainda mais perigosa, pois viaja rápido e ganha força antes que a verdade possa se manifestar plenamente. A capacidade de manipular narrativas e desinformar o público tem sérias consequências, afetando não apenas a política local, mas também a confiança nas instituições e a coesão social.

Nesse cenário, é imperativo que a sociedade se arme com discernimento e clareza, valorizando a verdade em todas as suas formas. Aqueles que distorcem os fatos e utilizam a mentira como ferramenta de manipulação devem ser responsabilizados por seus atos. Não podemos mais permitir que a mentira continue a circular livremente, disfarçada de verdade, enganando e manipulando.

Como sociedade, cabe-nos a responsabilidade de cultivar um compromisso com a honestidade e a transparência. É preciso rejeitar firmemente a mentira, especialmente quando ela se apresenta de maneira sedutora, e abraçar a verdade, ainda que, por vezes, ela possa ser desconfortável ou difícil de enfrentar. Só assim poderemos construir uma comunidade mais justa, onde a verdade prevaleça sobre as sombras do engano.

 Conclusão

A fábula da Verdade e da Mentira nos ensina lições valiosas sobre a natureza humana e as complexidades morais de nosso tempo. Em Estância, como em qualquer outro lugar, a luta entre o verdadeiro e o falso persiste, moldando as decisões e o futuro da comunidade. Embora a mentira possa momentaneamente seduzir e enganar, é a verdade que, em última instância, deve ser nossa bússola moral.

A história recente da inclusão do SAAE na Microrregião de Saneamento Básico ilustra claramente como a desinformação pode causar confusão e desconfiança. No entanto, a verdade sempre vem

à tona, revelando o caráter daqueles que a defendem, mesmo diante de desafios e obstáculos.

Defender a verdade não é apenas um dever moral, mas uma necessidade para garantir que a sociedade prospere em bases sólidas e justas. Assim como na fábula, cabe a nós rejeitarmos a mentira, por mais atraente que ela possa parecer, e abraçar a verdade com coragem e determinação. Somente dessa forma poderemos construir uma comunidade em que a justiça e a honestidade triunfem sobre o engano e a falsidade.

 

Por: Genílson Máximo
Em 10 de setembro de 2024



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