O respeito à vida e a rejeição de qualquer violência devem ser constantes. Entretanto, o Dia Nacional de Luta Contra a Violência à Mulher, celebrado em 10 de outubro, é um marco para reflexão sobre a alarmante realidade vivida por muitas mulheres no Brasil.
A origem da data remonta a 1980, quando um grupo de mulheres
se reuniu nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo para denunciar o
aumento da violência de gênero no país. Esse movimento cresceu, tornando-se um
marco anual com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a gravidade dessa
questão e encorajar as vítimas a buscarem apoio e denunciar seus agressores.
A sanção da Lei Maria
da Penha, em 2006, trouxe avanços significativos na proteção das mulheres
em situações de violência doméstica e familiar. No entanto, apesar do progresso
legislativo, a violência contra a mulher permanece um problema arraigado em
valores patriarcais que perpetuam a desigualdade de gênero, o machismo e a
impunidade.
A gravidade da situação
Os números são preocupantes. Em 2023, foram registrados 1.463 casos de feminicídio, um aumento
de 1,6% em relação a 2021, com uma média de um feminicídio a cada seis horas.
Além disso, 18 estados brasileiros apresentaram taxas acima da média nacional
de 1,4 mortes por 100 mil mulheres. Esses dados expõem a gravidade da violência
de gênero e a urgência de ações concretas para combatê-la.
Outro dado alarmante é o registro de 83.988 casos de estupro em 2023, o maior número já registrado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública
desde o início da coleta de dados, em 2011. Isso significa que, em média,
ocorre um estupro a cada seis minutos no Brasil. Esse cenário revela tanto a
magnitude da violência sexual quanto a subnotificação de muitos casos, fruto do
medo e da descrença no sistema de justiça.
A urgência de ações contínuas
Diante dessa realidade, o Dia Nacional de Luta Contra a Violência à Mulher precisa ser mais
do que um momento de reflexão, mas o início de um esforço contínuo. É essencial
que essa data seja acompanhada de uma agenda
de atividades que conscientizem a população e incentivem as vítimas a
romperem o silêncio. Campanhas de conscientização, rodas de conversa, palestras
e ações comunitárias são ferramentas eficazes para promover o diálogo e
fortalecer redes de apoio.
Além disso, é crucial aumentar o número de espaços de
acolhimento e suporte para mulheres vítimas de violência, garantindo a elas
segurança e recursos para recomeçar suas vidas. Muitas vezes, a denúncia é
dificultada pela ausência de delegacias especializadas ou equipes capacitadas
para lidar com esses casos. Por isso, é urgente que políticas públicas garantam
proteção rápida e eficaz, bem como acesso à justiça e apoio psicossocial.
Educação e conscientização:
caminhos para o futuro
O combate à violência de gênero passa também pela educação. Programas que promovam a
igualdade de gênero e o respeito às mulheres devem ser implementados desde cedo
nas escolas, para que as gerações futuras cresçam em uma cultura de respeito e
igualdade. O enfrentamento ao machismo estrutural é essencial para mudar a
mentalidade da sociedade a longo prazo.
A luta contra a violência de gênero não pode ser
responsabilidade apenas das mulheres. Homens, organizações da sociedade civil e
o poder público precisam se unir para criar um ambiente em que a violência
contra a mulher seja não apenas combatida, mas eliminada. A criação de uma agenda permanente de ações educativas e de
conscientização é fundamental para que toda a sociedade se engaje na
prevenção e no combate à violência.
Genílson Máximo
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