No Nordeste brasileiro, as histórias de figuras pitorescas são quase uma tradição. Lá pelos idos tempos, conheci um matuto chamado Júlio Pampo, um cabra bruto que nem siri na lata, de raiz. Trabalhava duro na terra, cultivava de tudo: mandioca, batata, quiabo, couve, abóbora. Ainda criava galinhas de pescoço pelado e uma mistura de raças que só se achava por ali. Seu lar era cercado por pés de frutas, desde cajueiros a jaqueiras, e ele ainda mantinha um generoso plantio de banana-da-terra nos fundos da casa. Entre as árvores, um pé de caju-banana, que os passarinhos amavam – guriatã, assanhaço, cardeal – fazendo ali suas sinfonias. Casado com dona Valdice de João de Ambrósio, uma senhora de 56 primaveras e força de sobra, criaram três filhos, já casados e fora do povoado. Seu Júlio, depois de um dia de labuta, se escanchava num banco de tronco de jaqueira, feito por ele, e ouvia o programa ‘Crepúsculo Sertanejo’ na Rádio Jornal, apresentado por Manoel Silva, pelo seu v...