"Vamos ter que desocupar o prédio sem ter para onde ir" diz artesã Rita de Cássia |
Quem não se lembra dos “Azulões”,
que após o fardo do trabalho nas fábricas têxteis locais, se concentravam no
Abrigo Belvedere, tão esperado ponto de encontro, onde os operários renovavam as
energias gastas nos teares e aproveitavam o passatempo para colocar em dia a agenda,
comentar jogos do Penta Campeão Santa Cruz, do Canarinho Estanciano, e tantos
outros entretenimentos, regados a velha e boa Antarctica.
Os jovens de hoje não sabem da imponência
do tradicional Abrigo. Não conhecem o
seu valor imaterial para a cidade. Em tempos transatos, o abrigo serviu de mesa
redonda para poetas, jornalistas, intelectuais e políticos; foi palco de shows
musicais de artistas locais, regionais e até de circuito nacional, como Antônio
Marcos, Marcos Pitter, Baltazar e outros. Nos finais de anos, no período natalino,
o Abrigo era o ponto de enamorados, onde trocavam juras de amor ao degustarem iguarias e refrigerantes.
O Abrigo está com os dias
contados. Na visão infausta do prefeito
o imóvel deve ser levado ao chão. Mesmo tendo
conhecimento de que a população discorda da sua decisão, não dá ouvido. Atualmente o imóvel é utilizado por um grupo
de artesãos que comercializa no local há
quase dez anos. Rita de Cássia,
uma das artesãs, diz que já foi comunicada para deixar o prédio. A decisão da
Prefeitura tem deixado os artistas em pavorosa, pois, segundo eles, a
Prefeitura ainda não disse oficialmente onde serão alocados.
Segundo Rita de Cássia cerca de
dez pessoas tiram seus sustentos dos produtos comercializados no referido imóvel. Sair sem destino está tirando o sono de todos
que ali trabalham.
O Abrigo pertenceu ao empresário
Raimundo Juliano. Desapropriado na gestão do prefeito Ivan Leite. O imóvel foi construído
há mais de sessenta anos em terreno pertencente ao Município. Não é patrimônio histórico, mas é patrimônio cultural. Sua presença está inserida no convívio da
cidade através dos tempos, cruzando gestões como de Leopoldo Souza, de Seu
Raymundinho, de Walter Cardozo, do próprio Carlos Magno, de Nivaldo Silva e
Deyse Garcia, de Zé Nelson, de Gevani Bento, de Ivan Leite; serviu de apoio aos
intelectuais no Regime Militar, enfim; é um imóvel que se demolido leva com ele
lembranças e recordações que não veremos mais.
SUGESTÃO
Se o prefeito quiser, se tomado
de boa vontade, poderá revitalizar o imóvel e
transformá-lo em um Centro de Informações
Turísticas, onde possam ser atendidos turistas, visitantes, tendo a disposição
folders sobre o município; pode ainda ser transformado em uma galeria, em um
espaço para eventos culturais e outros.
Abrigo que irá ao chão |
NOSSA OPINIÃO
Nossa opinião é contrária. Estância
está perdendo numa sequência medonha muito do seu patrimônio histórico e cultural. A demolição do
tradicional Abrigo não passa de um
desserviço que a atual gestão irá prestar
à memória estanciana. Isso será uma cicatriz na sua vida política, como outras que ele carrega - o homem que demoliu o Abrigo.
Por: Genilson Máximo
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