A imprensa estanciana e até sergipana está de luto. Faleceu no inicio da noite de ontem, 12, por volta das 19h50, no Hospital Regional de Lagarto, o radialista e empresário José Sivaldo Santana Silva, conhecido por Sivaldo Publicidade, 72 anos, o locutor pioneiro na comunicação estanciana.
Sivaldo estava com problemas de saúde nos rins, fígado e diabetes. O mesmo foi internado na semana passada no Hospital Dr. Jessé Fontes, na cidade de Estância, teve alta, porém passou mal e retornou a unidade de saúde.
Segundo Washington Santana, filho de Sivaldo, o comunicador foi transferido para o hospital de Lagarto, onde lá veio a óbito.
O sepultamento será na tarde de hoje, 13, às 16h, saindo o corpo da sua residência, localizada na Rua Pedro Homem da Costa, antigo Caminho do Rio, para o cemitério da Piedade.
HOMENAGEM
Em 2012, o senhor Sivaldo Santana Silva, o Sivaldo Publicidade, recebeu a Medalha Ofenísia Freire uma linda homenagem da Câmara Municipal de Estância.
O proprietário do Hiper som, trabalhou com o seu carro de som pelas ruas da cidade, veiculando comerciais e nota de falecimento.
Antes de ser um dos primeiros locutores da Rádio Esperança, Sivaldo trabalhou na Rádio Cultura de Salvador/BA, em pleno período da Ditadura Militar.
Por: Walisson Jardim – Gazeta de Estância.com.br
Sivaldo Silva, uma das fontes vivas da Rádio Esperança
Nas pesquisas que realizamos constantemente em alguns jornais que marcaram época na Estância, deparamos com a coluna “As Quatro Dimensões do Rádio”, assinada por Santamaría. Segundo João de Agiu, Santamaría era o pseudônimo do jornalista Vanderlei Silva. O colunista do espaço, que escrevia na Folha Trabalhista, referia-se muito bem ao trabalho de Sivaldo na Rádio Esperança. Pela simpatia e o respeito que temos a este profissional, por ser da mesma classe nossa e por ser um amante do tradicional rádio de Amplitude Modulada (AM), prestaremos uma justa homenagem no decorrer destas linhas a esse baluarte da radiofonia estanciana, aliás, Estância é celeiro de um grande mar de pérolas intelectuais, quer seja do rádio, da escrita, da música, da política, enfim, lutadores que orgulham sua terra.
José Sivaldo Santana Silva nasceu em Estância, no dia 13 de janeiro de 1943, na Rua Pedro Homem da Costa, antigo Caminho do Rio, e reside ainda hoje na mesma casa. É filho do inesquecível Edgar da Silva (conhecido por Edgar das Bramas), que dirigiu por muito tempo o Cemitério da Piedade, como provedor, e que integrou a Irmandade do Santíssimo Sacramento, da Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, e de D. Maria Dalva Santana Silva, que mora vizinha ao homenageado.
PRIMEIROS PASSOS
Aos 15 anos de idade, Sivaldo, começou a trabalhar com Seu Francisquinho, proprietário do XPTO, no primeiro serviço de alto-falantes de Estância. “Francisquinho e Pimentel dominavam esse serviço de alto-falantes na cidade, com as caixas estendidas em postes em algumas ruas do nosso município, funcionando das 6 às 10 horas da noite”, lembra Sivaldo.
Sua tarefa nesse primeiro emprego era colocar os discos na “vitrola” de 78 rotações e substituir de três em três horas as agulhas, que apresentavam defeitos.
Com o passar do tempo, fundou seu próprio serviço de alto-falantes, iniciando na Rua do “Pompeu” – bairro Porto D’Areia. Devido a escassa condição financeira para manter duas bocas de alto-falantes funcionando, ele teve que parar a atividade.
Ao finalizar a primeira tentativa de autônomo na área de serviço de alto-falantes, com apenas 21 anos de idade, Sivaldo foi embora para Salvador, capital da Bahia, trabalhar na Rádio Cultura, onde o país estava enfrentando a Ditadura Militar, e Sivaldo, numa ocasião, que saia da Rádio por volta de uma hora da manhã, foi abordado por várias vezes por soldados do Exército quando se deslocava do Campo Grande para o bairro da Liberdade. Lá passou um ano trabalhando como sonoplasta.
Já casado, Sivaldo teve dificuldades em estabilizar-se na capital baiana, pela pouca gratificação que recebia.
Regressando a Estância, foi trabalhar na Fábrica Amido Glucose, comprando mandioca durante quatro anos para a própria indústria. Na empresa, ele contou com o apoio do Dr. Julião, e comprou um automóvel, que mais tarde instalou dois alto-falantes, criando, assim, o seu primeiro carro de som. Mais tarde, Sivaldo adquiriu uma Rural.
Com essa Rural, o seu empreendimento melhorou que depois adquiriu um Veraneio de sugunda-mão. Com esse novo carro, também já equipado, Sivaldo foi prestar serviço de publicidade na cidade sergipana de Tobias Barreto, indo e vindo todos os dias durante três anos. A renda familiar desse lutador foi completada mais tarde com a criação de uma casa de dança por nome de Danceteria “Marisqueiro”, localizada no bairro Alagoas.
NA RÁDIO ESPERANÇA
A casa de dança de Sivaldo surgiu primeiro que ele viesse a trabalhar na Rádio Esperança de Dr. Jorge. Ele conta que quando entrou para trabalhar na Fundação de Educação e Cultura, mantenedora da Rádio Esperança, a emissora estava ainda em fase de implantação. “Entrei logo na montagem da Rádio Esperança, em 1967, e fui um dos primeiros locutores dela, classificado por Dr. Jorge como ‘locutor- chefe’, destacou Sivaldo.
Ele disse que quando Dr. Jorge lhe levava para fazer alguma gravação na FUNDESE, apresentava para todos que ele era chefe dos locutores da Rádio Esperança.
Vários programas de audiência foram apresentados por Sivaldo Silva na Rádio Esperança, como : Manhã de Domingo, Seresta e Seresteiros, Na Onda do Sucesso, e tantos outros. Lá, ele trabalhou durante cinco anos.
Deixando a Rádio Esperança, Sivaldo voltou a dar seqüência ao seu empreendimento no serviço de alto-falantes. Segundo ele, é um dos fundadores de carro-de-som no interior de Sergipe. Muitas vezes chegou a deixar Estância para fazer propaganda nas cidades baianas de Alagoinhas e Catu. Nesses municípios, acompanhou vários blocos carnavalescos com seu carro-de-som funcionando como uma espécie de trio-elétrico, executando bonitas marchas carnavalescas, como a famosa marchinha ‘Bananeira, mangará’.
Convidado por Divaldo Carvalho Costa, que era presidente da Lira Carlos Gomes, Sivaldo acompanhou a filarmônica num Concurso de Filarmônicas, que ocorreu no Ginásio Geraldão, na cidade pernambucana de Recife.
Na política partidária, Sivaldo saiu candidato a vereador pelo partido do saudoso Nivaldo Silva, PFL, mas não conseguiu se eleger. “Brinquei de política”, disse Sivaldo.
O HIPER SOM
Atualmente Sivaldo é proprietário do Serviço de Sonorização Ambiental - Hiper Som. Seu estúdio localiza-se à Rua Pedro Homem da Costa e possui sessenta caixas de som espalhadas em toda área da Feira-Livre, Praça Barão do Rio Branco, Praça Orlando Gomes (próximo ao Banco do Brasil), Rua Capitão Salomão, Av. Raimundo Silveira Souza e no centro da cidade.
O Hiper Som foi criado há onze anos, onde sua atividade cultural é diversificada com transmissão de músicas, propagandas, anúncios de festas e também locução ao vivo. O Hiper Som se destaca como uma autêntica escola de formação profissional, formando jovens para atuarem no rádio AM e FM. Como exemplo, Sivaldo cita os nomes de Everton Ribeiro e Gil Santos, ambos trabalham na rádio Ilha FM; Marcos Nunes na rádio Itabaiana FM ; o jovem Walisson Jardim criador do portal Gazeta de Estância e Jéferson Oliveira.
Sivaldo é pai de onze filhos: Washington, Silvério, Silvio, Síntia, Sivaldo Júnior, Silvana, Silvan, Sidnei, Silran, Silveston e Gislane.
História Por: Magno de Jesus
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