O fluxo inexorável do tempo distanciou de mim os dias dourados que vivi no bairro Porto D'Areia, quando experimentei as melhores alegrias da minha infância. Os ventos que cruzam os velhos trapiches não apagaram as lembranças latentes. Recentemente, por alguns momentos preciosos, estive no Alto do Cristo para contemplar a paisagem majestosa composta de matas exuberantes às margens do rio Piauí e sentir a brisa suave sobre as águas serenas da maré, paisagem que proporciona uma sensação reconfortante. Na década de 70, o bairro vivia imerso em carências sociais, habitado por famílias numerosas e uma quantidade específica de crianças que não tinham nenhuma opção de lazer ou apoio social para seus pais. Parte da comunidade tirava o sustento da labuta com a pescaria, sazonalmente, também com a fabricação de fogos de artifício (buscapé, espadas, barco de fogo). As mulheres auxiliavam no sustento da família com a venda de peixes na feira-livre e também com a venda de moquecas assadas na pal...