Pular para o conteúdo principal

Afinal, para que serve o Dnit?

Escândalo nos Transportes

Obras do DNIT na rodovia BR-101, em trecho dentro do estado da Bahia (Lia Lubambo)

Com um orçamento bilionário e pouca fiscalização, órgão - foco do esquema de corrupção nos Transportes, revelado por VEJA - é alvo de cobiça de políticos 

Um antro de corrupção. Essa é a definição mais usada recentemente quando o assunto é o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), órgão vinculado ao Ministério dos Transportes - e foco do esquema de corrupção revelado por VEJA. Em meio a uma série de denúncias, a oposição chegou a sugerir a extinção da autarquia, criada há dez anos no governo de Fernando Henrique Cardoso. Na época, o objetivo era reunir em um só órgão o sistema de transportes rodoviário, aquaviário e ferroviário em substituição ao Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) – que cuidava apenas das rodovias. 

Hoje, o Dnit tem sede em Brasília e possui outras 23 superintendências regionais. Também há unidades locais para atender trechos de rodovias, que podem abranger cerca de trinta municípios. Além de contrução de novas vias, o órgão tem o papel de manter as estradas em boas condições. Algo que muitas vezes não é visível em rodovias sob a tutela do governo federal. À parte das estradas esburacadas e perigosas, o órgão possui um problema de gestão: a política está muito acima das preocupações técnicas. 

"Não se deve destruir o Dnit com uma única condição: que ele seja honesto. O órgão é um câncer nacional. Tecnicamente, há pessoas competentes lá dentro, mas normalmente sem muito poder de decisão. Mesmo conhecendo a variação de custos, elas são pressionadas a se calar", avalia o professor de engenharia civil da Universidade de Brasília (UnB), Dickran Berberian. 

Orçamento bilionário - O órgão é alvo de cobiça de políticos. Não por acaso. O orçamento previsto para este ano é de mais de 15 bilhões de reais. A quantia é muito superior a de ministérios inteiros, como o da Cultura (2,1 bilhões de reais), de Ciência e Tecnologia (8,1 bilhões de reais) e da Justiça (11, 2 bilhões de reais). Diz Berberian: "A relação custo-benefício do Dnit é baixíssima por causa do superfaturamento e incompetência". O Dnit já consumiu até agora mais de 2,7 bilhões de reais - praticamente 70% das despesas totais do Ministério dos Transportes para 2011. 

O ponto de partida da corrupção no Dnit é o processo de licitação. Muitos editais são dirigidos, ou mesmo elaborados pela própria empresa participante do pregão – que assume "compromissos" com políticos do PR e do PT antes do leilão. Com isso, a construtora consegue incluir, entre as exigências previstas no edital, atestados de certificação específicos que dificilmente os concorrentes terão. Assim, empresas muitas vezes mais competentes e honestas são eliminadas do processo. 

Também é comum as vencedoras conseguirem aditivos, que encarecem as construções. De acordo com a lei, só são permitidos contratos extras que somem até 25% do valor inicial da obra. Ocorre que muitas vezes essa porcentagem não é levada em consideração. Outro caso comum é a ausência de licitação em obras consideradas "emergenciais".   

Grande parte dos processos de concorrência é realizada pela sede. As superintendências são reponsáveis por licitações menores, para conservação de rodovias, por exemplo. Portanto, as principais decisões são tomadas de forma centralizada - por uma diretoria colegiada formada por sete representantes. Às unidades regionais cabe o papel mais restrito de acompanhar e fiscalizar as obras realizadas nos estados. 

Funcionários - O Dnit também surpreende no que se refere ao número de servidores. São mais de 2.800, quantia sete vezes maior do que a do Ministério do Esporte, por exemplo. Desses, pelo menos 28 eram filiados ao PR antes na crise no setor. De acordo com o (ainda) diretor-geral do departamento, Luiz Antonio Pagot, o efetivo do Dnit é insuficiente para fiscalizar de perto as obras de responsabilidade do órgão.

No fim do ano passado, o departamento realizou uma licitação para contratação de funcionários no mínimo inustitada. A empresa vencedora, Tech Mix, separou caixas de currículos para apresentar ao Dnit, segundo informou ao site de VEJA o dono da empresa, Luis Carlos da Cunha. Mas a escolha ficou a cargo do próprio órgão – que preferiu selecionar os funcionários que já trabalhavam no local. Alguns deles apontam que não recebem os salários completos – que podem ter sido desviados para caixas de partidos. 

Essa licitação, aliás, é cercada de suspeitas. O site de VEJA revelou que assinaturas de documentos entregues pela Tech Mix ao Dnit foram falsificadas.  As irregularidades em torno do Dnit estão descritas em centenas de investigações e processos abertos pelo Tribunal de Contas da União (TCU), pela Controladoria Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal (PF). Resta saber se a faxina realizada pela presidente Dilma Rousseff fará efeito - ou apenas trocará seis por meia dúzia.

Luciana Marques e Gabriel Castro

http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/afinal-para-que-serve-o-dnit

Postada por Genílson Máximo

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

HÁ QUASE UM MÊS ADOLESCENTE ESTANCIANA CONTINUA DESAPARECIDA

Layla Liz, desaparecida desde domingo, 28/01 (foto/arquivo pessoal) A jovem estanciana  de 17 anos, Layla Liz Assunção, está desaparecida desde o domingo, 28 de janeiro, há quase um mês De acordo com a família, Layla  desapareceu de Estância por volta das 14h do dia 28 de janeiro quando caminhava próximo a prefeitura no centro  de Estância. A jovem saiu de casa sem os remédios que faz uso (ante-depressivos) e sem outros pertences pessoais. A polícia foi notificada no mesmo dia e as investigações continuam em andamento. De acordo com o delegado regional da DERPOL, Allan Faustino, as diligências continuam. Segundo o primo de Layla, Guilherme Motta, apesar das intensas buscas feitas pelos familiares, ainda  não há nenhuma novidade.  Semanas atrás a tia (Gina)  ligou para o celular da adolescente e este apresentava sinal de desligado. Quando de um breve contato uma voz dizia "Oi, tou bem". De acordo com a tia, mas parecia um aplicativo.   Esta semana mantivemos

Vice-prefeita de Estância é dos nomes que lideram pesquisa do Dataform para deputado

O Estado de Sergipe, na manhã desta segunda-feira, 20,  teve acesso  à pesquisa de intenção de votos encomendada  pelo  Jornal Cinform e elaborada pelo  Instituto Dataform, publicada na edição  de 20 a 28 do corrente mês e que revela os nomes mais citados para os cargos de deputados estadual e federal, como também para governador e senador que irão disputar o pleito de 2018.  A vice-prefeita de Estância, Adriana Leite (PRB), que disse sentir-se preparada para  disputar uma cadeira na Alese,  na pesquisa  aparece em 3° lugar  na intenção de votos (espontânea) com o percentual 1,2%  colada com Nitinho 1,5% e Maria Mendonça 1,5%.  Adriana Leite, concedeu entrevista ao radialista Genílson Máximo, no sábado (18) e revelou que estar preparada para o desafio. Conta com o apoio do marido Ivan Leite (ex-prefeito) e estar ao lado do prefeito de Estância Gilson Andrade reconstruindo Estância que  enfrenta dificuldades deixadas pela gestão passada. Adriana, na entrevista,  f

90 anos do empresário Jorge Leite, familiares e amigos cantaram "Parabéns a você"

Por: Genílson Máximo "Ao vê que a vitória,  de familiar ou amigo, tinha sido por mérito, isto lhe fazia muito feliz" lembrou Ivan  Este domingo, 19,   foi marcado   pela adição de mais um ano   à existência do empresário estanciano Jorge Prado Leite que comemorou 90 anos. Caso fosse de casamento, a   cerimônia seria   de Bodas de Álamo. O momento   reuniu   familiares, autoridades e amigos   para cantar   "Parabéns a Você". A liturgia   teve início com   celebração de Missa em Ação de Graças, na Capela Santa Cruz,   nesta manhã por volta das 07h30m. Após a Missa,   o engenheiro   Ivan Leite,   filho do aniversariante, usou da palavra para agradecer   a presença de todos que prestigiaram a solenidade de fé cristã. Em seguida os convidou   a participar   de um   café da manhã nas instalações do Cineteatro Gonçalo Prado, ao som da Centenária Lira Carlos Gomes e do forrozeiro Fabinho da Folha. O "Parabéns a Você"   foi seguido das