Faleceu, na madrugada desta segunda-feira 12, aos 96 anos, o
economista Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda e ex-deputado federal.
Delfim Netto estava internado desde o dia 5 de agosto no Hospital Israelita
Albert Einstein, em São Paulo, devido a complicações em seu quadro de saúde.
Professor emérito da Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Delfim Netto foi um dos
mais longevos ministros da Fazenda do País. Ex-ministro de quatro diferentes
governos militares (Costa e Silva, Junta Militar de 1969, Médici e Figueiredo),
ele serviu como ministro da Fazenda entre 1967 e 1974, período conhecido como o
“milagre econômico”, quando o País alcançou um crescimento recorde de 14,4% do
PIB, com uma inflação controlada em 12%. Também foi ministro do Planejamento
entre 1979 e 1985.
O crescimento dos anos de chumbo foi impulsionado por
endividamento externo, investimentos públicos e subsídios. A crise da dívida
externa no início dos anos 1980, contudo, fez desmoronar o projeto. O ‘milagre
econômico’ também não foi capaz de produzir bons indicadores sociais – ao
contrário, aumentou o fosso da desigualdade brasileira. Sua relação com o
regime não se limitou à economia. Como ministro de Costa e Silva, Delfim Netto
deu aval para a implementação do AI-5, que endureceu a ditadura ao suspender
direitos políticos e fechar o Congresso.
Após o fim do regime, contudo, Delfim se adaptou ao novo
cenário político: em 85, já fora do governo, coordenou a campanha vitoriosa de
Jânio Quadros à prefeitura de São Paulo. Foi eleito deputado federal por cinco
mandatos consecutivos, a partir de 1986, destacando-se como uma figura central
na Assembleia Constituinte. Autor de mais de dez livros e centenas de artigos e
estudos sobre a economia brasileira, Delfim Netto manteve-se ativo no debate
público até o fim da vida, escrevendo para os jornais Folha de S. Paulo e Valor
Econômico e outros cerca de 70 periódicos em todo o País. Delfim foi também
colaborador de CartaCapital por 25 anos, desde a primeira edição, em 1994.
Delfim Netto deixa uma filha e um neto. Não haverá velório
aberto ao público. O sepultamento também será aberto apenas aos familiares. O
presidente Lula lamentou, por meio de nota, a morte do ex-ministro. “Na minha
campanha em 2006, pedi desculpas publicamente porque ele foi um dos maiores
defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social que
implementei nos meus dois primeiros mandatos”, pontuou o petista.
Ele também lembrou a morte da economista Maria da Conceição
Tavares, que faleceu recentemente. “Fica o legado do trabalho e pensamento dos
dois, divergentes, mas ambos de grande inteligência e erudição, para ser
debatido pelas futuras gerações de economistas e homens públicos”.
Foto: Reprodução TV Cultura
https://www.cartacapital.com.br/economia/morre-antonio-delfim-netto-ex-ministro-da-fazenda/
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