A icônica “Orlinha dos Pobres”, que nasceu na Praça Barão do Rio Branco e parte da memória afetiva de gerações, está prestes a ser revitalizada. Reconhecida como um dos principais pontos de encontro em Estância, esse espaço atraiu, por anos, moradores e turistas em busca de boa gastronomia, cerveja gelada e música ao vivo às sextas-feiras. O local era célebre por oferecer um cardápio variado, que incluía pizzas, espetinhos e lanches, tornando-se o destino favorito para o tradicional happy hour de fim de semana.
Com o passar do tempo, no entanto, o cenário mudou.
Os moradores começaram a expressar descontentamento diante de problemas como
barulho excessivo, desordem e outros transtornos. Essa insatisfação culminou em
uma intervenção do Ministério Público (MP), que emitiu uma liminar determinando
que a prefeitura tomasse medidas para solucionar os conflitos.
Tentativas de solução e desafios
ao longo dos anos
Durante a gestão do ex-prefeito Zé Nelson
(1997-2000), surgiu a proposta de transferir a orlinha para o forródromo, um
espaço subutilizado fora da temporada junina. A ideia visava otimizar o uso do
forródromo enquanto organizava a orlinha. Contudo, a transferência não saiu do
papel, e a orlinha permaneceu na Praça Barão do Rio Branco.
Já na administração de Gevani Bento (2001-2004), a
questão voltou à pauta. Com a liminar ainda vigente, o prefeito, sensível à
situação dos comerciantes que dependiam da orlinha para o sustento, chegou a um
acordo com o Ministério Público. Assim, o local foi transferido para o Largo
Pedro Pires, onde a prefeitura investiu na construção de quiosques para acolher
os comerciantes.
As origens da Orlinha dos Pobres
A história desse espaço emblemático remonta à
gestão de Valter Cardozo (1989-1992). Antes mesmo da criação do forródromo, o
então prefeito idealizou um ambiente para os festejos juninos na área conhecida
como “Caminho do Rio”. Na ocasião, foram instalados bares improvisados para a
venda de comidas típicas, bebidas e artesanato no espaço que anos depois sediou
a orlinha. Até então, a região era praticamente intransitável e sem utilidade
pública.
Após sua transferência para o Largo Pedro Pires, a
orlinha prosperou como ponto de convivência e lazer por mais de duas décadas.
Entretanto, junto com a popularidade vieram os desafios. Relatos de moradores
indicam que o espaço passou a ser associado ao uso e comércio de drogas, além
de episódios de violência, como brigas, tentativas de homicídio e prostituição.
Esses problemas levaram a novas ações judiciais, que pediam a demolição dos
quiosques. Apesar disso, alguns comerciantes mantiveram suas atividades
legítimas, vendendo lanches e bebidas, enquanto a insatisfação da vizinhança
continuava a crescer.
Um novo capítulo: “Orlinha de
Todos”
Em dezembro de 2024, o prefeito Gilson Andrade
anunciou a ordem de serviço para a revitalização da orlinha, que será renomeada
como “Orlinha de Todos”. O projeto prevê a construção de um pórtico, uma
bateria de banheiros, dez quiosques e iluminação decorativa. Além disso, o
espaço será transformado em um centro de vendas para aliviar a demanda da feira
central.
A obra, orçada em mais de R$ 1 milhão, é fruto de
uma parceria entre a Prefeitura e a Caixa Econômica Federal, com recursos
provenientes de uma emenda parlamentar do deputado Gustinho Ribeiro. A
articulação foi liderada por André Graça, ex-vice-prefeito e atual gestor de
Estância.
Expectativas e esperanças
A comunidade local, incluindo moradores e
comerciantes, aguarda com entusiasmo a inauguração da nova orlinha. De acordo
com a prefeitura, a revitalização não apenas modernizará o espaço, mas também
resgatará seu papel como um ponto central de convivência e lazer para a
população.
A “Orlinha de Todos” simboliza mais do que uma
reforma estrutural; representa uma nova perspectiva de segurança, organização e
valorização comunitária, resgatando a essência de um espaço que sempre foi
sinônimo de encontro e celebração.
Por: Genílson Máximo
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