Os festejos juninos de Estância, em Sergipe, não são apenas uma celebração popular; são uma manifestação cultural profundamente enraizada, passada de geração em geração como um verdadeiro legado. Em cada família estanciana, o São João é mais que uma festa — é identidade, é pertencimento. Essa herança cultural se perpetua há décadas, consolidando Estância como a cidade que abriga o mais autêntico e cultural São João de todo o Nordeste brasileiro.
Um dos
maiores símbolos dessa tradição é o célebre Barco de Fogo, artefato
pirotécnico criado há mais de meio século pelo fogueteiro Chico Surdo.
Essa invenção singular não apenas iluminou os céus de Estância, mas também
projetou a cidade para o cenário nacional, conferindo-lhe o título de "Capital
Brasileira do Barco de Fogo". O impacto dessa criação foi tão
significativo que chamou a atenção das principais redes de televisão do país,
como Globo, Record, SBT e Rede TV, que registraram e divulgaram esse espetáculo
único.
O São
João pulsa no DNA do povo estanciano. Durante a temporada junina, os fogueteiros,
que normalmente exercem profissões como pedreiros ou pescadores, dedicam-se com
paixão à confecção de fogos como o buscapé, a espada e, claro, o barco
de fogo. Este trabalho artesanal não apenas mantém viva a arte da
pirotecnia local, mas também oferece uma fonte adicional de renda, fortalecendo
o tecido econômico da comunidade.
Não se
pode falar dessa cultura sem reverenciar aqueles que ajudaram a moldá-la.
Fogueteiros lendários como Seu Valdir, Zé do Pó, Tonho Lixa, Nininho, Unaldo
Fogueteiro, João Lima Fogueteiro, Dona Carlota, Chico Surdo, Tozinho, Zé
Gaiatinho, Nide, Seu Osvaldo, Kekeu Fogueteiro, Bebeça, Zé Valter, José
Osvaldo, Cride, Carlinhos Fogueteiro, Professor Dió, Albérico e o icônico Barba Roxa
construíram um legado que ilumina cada arraial e emociona cada espectador.
O som
inconfundível da sanfona, do zabumba e do triângulo é a
trilha sonora que embala essa celebração. Nas mãos de mestres da música, esses
instrumentos transformam as festas em experiências inesquecíveis. Artistas como
Rogério Cardozo, Zedinato, Toinho do Triângulo, Cebinho, Jorge Maravilha,
Raimundo de Jacó, Badinho, Zé Taquary (in memoriam), Fábio de Estância, Zé
Carlos do Trio Mandacaru e Fabinho do Acordeon, além de Gonçalo
do Acordeon, mantêm viva essa rica tradição musical. Suas apresentações
animam arraiás, feiras, povoados e palcos por toda a cidade, onde canções como “Estância,
Forró e Folia” e “Chap-chap”, da compositora Raimunda Andrelina,
ecoam com orgulho e alegria.
Estância
é também um celeiro de poetas, cantadores e agentes culturais, cujas
contribuições enriquecem ainda mais a festa. Figuras como Zequinha
Repentista, Zé Preá do Reisado, Dona Zefinha da Batucada, Michele da Batucada e Nem
Repentista do Santo Antônio representam a alma vibrante de um São João que
é, indiscutivelmente, o mais cultural do Brasil.
O sucesso
dos festejos juninos de Estância é fruto do talento, da dedicação e da paixão
de todos esses personagens. Cada fogueteiro, cada músico, cada artista popular
e cada morador da cidade contribui para que essa tradição continue a encantar e
a inspirar, ano após ano.
A quem
ainda não conhece, fica o convite: venha viver o São João de Estância! E para
quem já conhece, não há dúvida — aqui se volta sempre, porque esta festa é
inesquecível.
Em 05 de junho de 2025.
Parabólica News.
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