Pular para o conteúdo principal

SERGIPE É PONTO DE ALICIAMENTO DE TRABALHADORES

(Imagem ilustrativa: Google)

No dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, 28 de janeiro, o Ministério Público do Trabalho em Sergipe (MPT-SE) alerta para o aliciamento de trabalhadores. O aliciamento é caracterizado pelo recrutamento de trabalhadores paratrabalho em localidade diversa da sua origem. Transportados de forma irregular (sem a Certidão Declaratória de Transporte de Trabalhadores – CDTT –, que deve ser entregue à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego), enfrentam péssimas condições de trabalho, com características semelhantes à escravidão.

Geralmente, os municípios de origem dos trabalhadores sergipanos localizam-se no sertão, como: Canindé do São Francisco, Poço Redondo, Porto da Folha e Monte Alegre de Sergipe. Embora não se tenha notícia de resgate formal de trabalhadores de condições análogas à de escravo dentro do território sergipano, o aliciamento de trabalhadores é considerado o crime “porta de entrada” do trabalho escravo.
Somente nos anos de 2011 e 2012 várias denúncias foram protocoladas no MPT-SE, resultando na condenação da empresa Camargo Correia. Ainda em 2012, cinco jovens de Itabaiana estavam vivendo em regime de escravidão em Guarujá, litoral de São Paulo. Eles foram levados com a promessa de que ganhariam dinheiro vendendo castanhas e sândalos, mas só recebiam R$ 1 por dia, com jornada das 9h às 16h.

Já em 2013 não houve registro de denúncias. O que seria motivo para comemorar gera, na verdade, uma preocupaçãopara os procuradores do MPT. A falta de denúncias, de um banco de dados (regional e nacional) e de conhecimento da sociedade sobre o tema, gera a imprecisão da informação, fazendo com que a instituição não saiba ao certo quantos trabalhadores foram aliciados. Talvez este seja o motivo de não ter havido registro de aliciamento de trabalhadores noestado de Sergipe no ano passado.

Segundo o procurador-chefe do MPT-SE, Raymundo Ribeiro, o crime de aliciamento de trabalhadores está ocorrendo com mais frequência nos últimos anos em razão das grandes obras federais, a exemplo das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia, e dos eventos esportivos que estão por vir (Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016), que demandam muita mão de obra para construção dos estádios e infraestrutura das cidades.

Costumeiramente, a contratação dos trabalhadores é feita por intermédio do 'gato'. O agenciador conduz e facilita a prática de um amplo espectro de crimes, incluindo submissão de trabalhadores a condições análogas à de escravo, condições inseguras de trabalho, desrespeito às normas de saúde e segurança, transporte com risco de morte, manutenção de alojamentos precários, etc”, explica Raymundo Ribeiro.

No ano passado, por pouco, trabalhadores sergipanos não morreram em desabamento de um prédio onde estava sendo construída uma loja de departamentos na região de São Mateus, em São Paulo. O acidente aconteceu em agosto de 2013 e resultou na morte de oito operários, dos quais seis eram do Maranhão.

Nesse contexto, toda a atenção é pouca por parte das potenciais vítimas, especialmente trabalhadores que são ludibriadoscom falsas promessas de emprego e salário, não raro para trabalhar longe de sua casa, o que dificulta a saída do local de trabalho e a denúncia às autoridades competentes.

Ana Alves
Assessora de Comunicação
Ministério Público do Trabalho em Sergipe


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Estância lamenta a perda irreparável de Riviany Magalhães, ícone da Educação Municipal

  A cidade de Estância está profundamente abalada com a precoce e trágica perda da professora Riviany Costa Magalhães, vítima de um acidente na BR-101. Mestre em Educação, Pedagoga, Psicopedagoga, Advogada e ex-secretária Adjunta da Educação, Riviany deixou um legado significativo para a educação do município. Sua partida inesperada representa uma perda imensa, não apenas pela vasta contribuição profissional, mas também pela presença acolhedora que exercia nas escolas municipais, onde, com dedicação, transformava a vida de alunos, colegas e toda a comunidade. Riviany não era apenas uma educadora, era um símbolo de afeto, compromisso e competência. Sua trajetória, interrompida de forma abrupta, deixou todos profundamente consternados, pois ainda havia muito a ser oferecido. A ausência de Riviany é sentida de forma irreparável, mas seu exemplo continuará vivo, servindo de inspiração para todos que tiveram o privilégio de conhecê-la. O prefeito Gilson Andrade e o vice-prefeito André G

Os cabarés de Estância, os homens de bem e o falso moralismo

Sem a menor pretensão de estar escrevendo algo original, singular, adianto que a minha motivação   para juntar esse monte de letras que chamo de texto, são as obras de Gabriel Garcia Marques, “Memórias de Minhas Putas Tristes”, as de Jorge Amado, “Teresa Batista Cansada de Guerra”, e Gabriela Cravo e Canela, assim como as músicas, “Cabaré” de João Bosco e Aldir Blanc, “Folhetim” de Chico Buarque de Holanda e “Geni e o Zepelim” também de Chico Buarque. Farei   observações sobre as profissionais do sexo, ora como putas, ora como prostitutas, ou qualquer outro sinônimo, seguindo o vocabulário de cada época. Escrever sobre personagens do andar de cima ou do andar de baixo é uma opção ideológica e não literária em minha opinião, por isso escolhi mais uma vez escrever sobre gente discriminada, gente que apesar do trabalho que exercia, tinha mais dignidade do que se imagina. Estou me referindo aos proprietários de cabarés. Quanto mais lemos, quanto mais estudamos as obras de Jorge

Estância e as suas ruas de nomes pitorescos

Capitão Salomão, centro Por: Genílson Máximo Estância, traz de pia, nome   que  converge em  ascensão ao substantivo feminino. Nome que  agrada ouvir sua sonoridade e que não o é cacófato. Por conta da sua simbiose com o município de Santa Luzia - do qual  foi povoação - quiçá, recebeu do mexicano Pedro Homem da Costa o nome de Estância, talvez  por ser  um local de paragem, de descanso quando das viagens de comércio entre outros  os povos da época. Denominada pelo monarca  Dom Pedro II como o Jardim de Sergipe,  Estância guarda na sua arquitetura os sobrados azulejados, possui um belo acervo arquitetônico, apesar das constantes perdas provocadas por destruições e mutilações de prédios históricos. Estância  das festas juninas, do barco de fogo, dos grupos folclóricos. Estância composta  por nomes de ruas que rasgam o tempo, mesmo com  as constantes mudanças de nomes, continuam vivos no consciente popular  com os seus  pitorescos  nomes. O programa "Sábado Esperança&